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Mommy | Crítica

Xavier Dolan continua acertando contas com o passado, agora em chave humanista

02.10.2014, às 10H56.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Depois de chegar causando em festivais com uma produção em massa desde 2009, o diretor, roteirista e ator Xavier Dolan, hoje praticamente um veterano com cinco longas-metragens assinados aos 25 anos, mostra em Mommy (2014) que ainda tem contas a acertar com seu passado tão recente.

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A aceitação de sua homossexualidade e a relação problemática com a mãe, temas de sua estreia autobiográfica como diretor, Eu Matei Minha Mãe, adquirem uma outra forma em Mommy. Dolan imagina uma versão futurista do Canadá, em que uma nova lei permite que pais entreguem sem custos seus filhos com problemas mentais ao cuidado de uma instituição pública. Sai a homossexualidade enquanto "doença", entram as patologias de fato.

Na trama, Die (Anne Dorval) diz que nunca vai abrir mão de cuidar de seu filho adolescente, Steve (Antoine-Olivier Pilon), mesmo que os acessos de fúria dele encontrem combustível no temperamento igualmente curto da mãe. Steve acaba de ser expulso por botar fogo na cafeteria da clínica onde estava internado temporariamente, e Die, mesmo desempregada, resolve assumir todas as responsabilidades.

Ao vencer por Mommy o Prêmio do Júri do Festival de Cannes deste ano, apelando para as consciências dos votantes com seu discurso humanista, Dolan atraiu mais a resistência de quem vê no seu cinema um formalismo vazio - ainda mais porque dividiu o troféu com Adeus à Linguagem de Jean-Luc Godard, cineasta que sempre fez da forma um instrumento de expressão. A tendência de Dolan aos floreios em Mommy certamente faz pouco para atenuar essa resistência.

Do enquadramento "artístico" (o filme é todo projetado em janela 1:1, quadrada, com exceção de duas cenas), para dar ao filme na marra um senso de claustrofobia e urgência, às atuações "à flor da pele" (Dolan não percebe que se as pessoas são impulsivas o tempo todo isso esvazia o próprio conceito de impulsividade), Mommy se faz no artifício.

Nota do Crítico
Bom

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