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Crítica

Oslo, 31 de Agosto | Crítica

Primo distante de Lars von Trier mostra quem é que entende de depressão

20.10.2014, às 15H54.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Sim, o diretor Joachim Trier é parente de Lars von Trier, e faz questão de dizer em entrevistas que os dois são primos distantes e que nunca recebeu dicas ou ajuda do famoso cineasta dinamarquês. Joachim Trier vem de uma família inteira de gente envolvida em cinema e faz em Oslo, 31 de Agosto um retrato da depressão bem melhor que o Melancolia de Von Trier.

oslo 31 de agosto

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Adaptação do romance Le Feu Follet, de Pierre Drieu La Rochelle, o filme acompanha Anders (Anders Danielsen Lie), norueguês de 34 anos que está saindo, por um dia, da clínica de reabilitação no campo onde está internado, para fazer uma entrevista de emprego em Oslo. Antes disso, o filme começara com depoimentos em off de pessoas contando as reminiscências que guardam da capital, sejam cheiros, barulhos ou locais. Anders também tem lembranças de Oslo, e nesse dia livre decide revisitá-las.

Oslo, 31 de Agosto transcorre em 24 horas por ruas, casas e parques sem uma trilha sonora muito perceptível, com exceção de algumas canções. Na juventude, Anders também deve ter vivido de música em música, de festa em festa. Ele conta a um amigo que está limpo há 10 meses de seus vícios em bebida e drogas, mas rapidamente reencontra os círculos e as pessoas com quem dividia seus anos "perdidos". O suspense, obviamente, é esperar para ver se Anders cederá à recaída.

Trier talvez esteja mais interessado, porém, em descobrir o que pode impedir o protagonista de se drogar novamente. A cidade está cheio de cor, de jovens, de vida, de oportunidades. A escolha pela data de 31 de agosto não é por acaso. O verão está chegando ao fim - e a cidade esvaziará suas piscinas públicas, como lembra um personagem - mas ainda conserva aquela luz purificadora da alta estação. Anders tem tudo para começar uma nova vida ao nascer do sol.

Mas algo falta, algo não se encaixa, e é esse senso de inadequação - um traço da depressão - que não deixa Anders seguir adiante. Desde a primeira vez em que apareceu no filme, uma silhueta diante do movimento de uma via expressa na janela, Anders é um espectro à deriva. Com sua jaqueta preta, destoa da paisagem, e à noite seus companheiros de balada relembram histórias que Anders não sabe contar, como se nunca as tivesse vivido.

Então não seria diferente: o filme termina repassando os lugares que visitou, e o impacto é maior porque, agora vazios, eles parecem todos ainda muito idílicos, muito convidativos, espaços perfeitos de ocupar e conviver, e ao mesmo tempo dolorosamente claustrofóbicos.

Nota do Crítico
Ótimo
Oslo - 31 de Agosto
Oslo - 31. August
Oslo - 31 de Agosto
Oslo - 31. August

Ano: 2013

País: EUA

Classificação: 16 anos

Duração: 96 min

Direção: Joachim Trier

Elenco: Anders Danielsen Lie, Hans Olav Brenner, Ingrid Olava, Tone Beate Mostraum

Onde assistir:
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