Conhecido no circuito de festivais por Rubber (2010), o diretor Quentin Dupieux começa em sua nova comédia, Wrong Cops, a criar um "Dupieuxverso": a trama se passa na mesma Los Angeles e com os mesmos "policiais errados" de Wrong (2012).
wrong cops
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O nonsense característico do diretor, porém, é acomodado neste filme dentro de uma trama mais linear (mas não menos absurda). Lá vai: um policial que trafica maconha dentro de ratos mortos acidentalmente atira em seu vizinho enquanto tentava impedir que Marilyn Manson fugisse de sua casa; ele então convence um colega policial a enterrar o corpo do vizinho, e enquanto cava o cara descobre uma sacola de dinheiro no jardim da própria casa, o que gera ameaças, chantagens, sangue e muita música (!).
As participações especiais de Manson, Ray Wise, Grace Zabriskie e Eric Roberts servem menos como demonstrações de prestígio do diretor e mais como balizas à trama. Ao escolher a linearidade e controlar tudo o que poderia ser aleatório demais, Dupieux faz aqui o seu filme menos cansativo. Talvez por Wrong Cops ter sido filmado em três capítulos - divulgados a partir do Festival de Sundance de 2012 - antes de virar um único longa-metragem, esta comédia tem visivelmente mais fôlego para sustentar sua sucessão de absurdos do que os dois longas anteriores do diretor.
A cadência musical sem dúvida contribui. Com sua estética de videocassete (é pensar no chileno No e abrir um sorriso) e a trilha sonora house e techno de Dupieux, acompanhando as desventuras dos policiais até em sintonia rítmica (um policial masca chiclete na batida do sintetizador numa cena), Wrong Cops parece um longo videoclipe dos Beastie Boys do começo dos anos 90. A diferença para os clipes zoados da banda é que aqui ninguém sai em louca disparada - afinal "policiais errados" não têm motivo para correr atrás de bandido.
Ao final dá para identificar um comentário irônico sobre a gravidade com que o cinema e a TV dos EUA trata o ofício dos policiais (todo filme de policial tem cena de enterro com discurso dramático e aqui não é diferente), mas Dupieux, como sempre, não impõe um subtexto claro capaz de amarrar seu nonsense. Wrong Cops sequer testa limites do politicamente incorreto (quando Steve Little xinga uma cadeirante é o ápice); é mais um passatempo na base do freestyle mesmo, de fato como um videoclipe que começa e termina de acordo com a duração da música.
Acompanhe as nossas críticas do Festival do Rio 2013
Ano: 2012
País: França, EUA
Classificação: 14 anos
Duração: 94 min
