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Em Aos Olhos de uma Mulher, filme baseado na obra da escritora Rosa Montero, o diretor mexicano Antonio Serrano (Sexo, pudor e lágrimas) apresenta um interessante mosaico de temas. Nele são exploradas as mudanças que ocorrem com uma mulher quando ela é forçada a embarcar numa inusitada viagem de auto-conhecimento.
Protagonizado por Cecília Roth, atriz que ficou conhecida aqui por Kamchatka (de Marcelo Piñeyro, 2002) e Tudo sobre minha mãe (Todo sobre mi madre, de Pedro Almodóvar, 1999), o filme tem elementos de thriller, drama, romance, ação e até uma lasca de road movie. Tudo isso amarrado com competentes transições de planos que agilizam a narrativa, alinhando agilmente situações distintas.
Na irreverente produção, Lucía (Roth), com 43 anos e casada com um funcionário público, é obrigada a deixar o conforto e as certezas da vida doméstica quando seu marido é sequestrado num aeroporto. Desesperada, começa a procurá-lo como pode e, conforme avança, vai descobrindo que está também em busca de si mesma.
Ao lado de Lucía estão o jovem Adrián (Kuno Bécker), violinista apaixonado, e o experiente Félix (Carlos Alvarez-Novoa), um veterano da Guerra Civil espanhola, que a acompanham e a estimulam numa aliança improvável. Unido, o trio enfrentará a máfia, a polícia, o governo e até a peruaça mãe de Lucía para descobrir a verdade sobre o desaparecimento.
Contudo, nada é tão simples como parece e não há garantias de que os eventos do filme estejam mesmo acontecendo da maneira como são narrados. Acontece que a protagonista, conforme amadurece, fica mais honesta e realista e passa a encarar sua aventura com outros olhos. As mudanças, além de interiores, têm reflexo também no visual da produção, produzindo seqüências bastante inteligentes.
Com atuações inspiradas do trio de atores principais, Aos Olhos de uma Mulher é outro interessante fruto na iluminada safra atual do cinema latino.
