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Festival de Berlim | Marcos Prado, diretor de Estamira, volta ao evento com documentário Curumim

Premiado por Tropa de Elite, cineasta vai exibir novo trabalho na Alemanha

11.02.2016, às 21H09.
Atualizada em 03.11.2016, ÀS 00H00

Conhecido no Brasil por sua vertente humorista, testada e aprovada em comédias de luxo como A Festa Nunca Termina (2002) e em blockbusters como Uma Noite no Museu (2007), o inglês Steve Coogan vai trazer sua porção mais dramática para o 66º Festival de Berlim, à frente de um thriller jurídico de DNA sul-africano encarado desde já como uma das maiores promessas do evento alemão em 2016: Shepherds and Butchers. Já se fala até em prêmios de júri popular e em potenciais indicações para Oscar para o ator e para o longa-metragem.

Sob a direção de Oliver Schmitz, a produção exibida nesta quinta-feira para olheiros de distribuidoras internacionais, exibidores e um punhado de críticos, recria um incidente que chocou a cidade de Pretória em 1987: um carcereiro de uma prisão de segurança máxima emboscou um microônibus e matou a tiros sete atletas negros. O crime, que mudou os rumos da Justiça na África, tinha tudo para terminar com uma sentença de execução para o assassino. Mas graças à intervenção de um advogado idealista (papel de Coogan), o que poderia ser um julgamento a mais tornou-se uma plenária pública contra a pena de morte. 

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Coogan já havia encarnado alguma seriedade antes em Philomena, de Stephen Frears, pelo qual concorreu ao Oscar de Melhor Roteiro Adaptado em 2014. Mas ali era uma narrativa agridoce, com gosto de dramédia. De Shepherds and Butchers, o que se espera (e o que se encontra) é uma interpretação nas raias do heroísmo, sobretudo no debate contra a pena capital.

Brasileiro na Alemanha

Este, aliás, parece ser um dos temas da Berlinale neste ano, com presença garantida no documentário Curumim, de Marcos Prado, com exibição amanhã e cujo foco são os últimos momentos de vida do brasileiro Marco Archer, fuzilado na Indonésia em 2015 por tráfico de drogas. A abordagem do documentarista carioca, premiado há quase uma década por Estamira, promete ser uma espécie de pleito contra a violência institucionalizada.

Tenho lembranças inesquecíveis do Festival de BerlinM pela ocasião de quando fomos premiados com o Urso de Ouro pelo Tropa de Elite”, diz Prado, que produziu o fenômeno popular de José Padilha, laureado na Alemanha em 2008. “Voltar ao festival com Curumim é um prêmio que eu e todos que trabalharam no filme estamos recebendo. Foram mais de três anos de envolvimento intenso no processo como um todo e, depois, mais nove meses de trabalho na ilha de edição com o montador Alex Lima. Espero que o documentário alce vôo alto e que muitas pessoas ao redor do mundo tenham acesso a essa história”.

Ainda sob o bafafá da exibição de Ave, César!, cuja coletiva foi incendiada por um fogo cruzado com a imagem pública do astro George Clooney, a Berlinale projetou na noite de quinta o primeiro de seus 18 longas-metragens em disputa pelo Urso de Ouro: o canadense Boris Sans Beatrice, de Denis Côté, cineasta premiado na mostra alemã em 2013, com o Prêmio Alfred Bauer (o Urso de Prata) por Vic + Flo Viram o Urso.

Já de cara, o festival assumiu seu flerte com as narrativas de gênero, num diálogo com os thrillers psicológicos, ao acompanhar o esfacelamento da sanidade e sobriedade de Boris (James Hyndman) a partir da percepção de que pessoas misteriosas – a começar por um sujeito de bata vivido por Denis Lavant, do cultuado Holy Motors – rondam a sua casa. A relação com sua mulher, abalada por uma espécie de catatonia, é uma questão recorrente na vida do personagem, cuja angústia arrancou algumas risadas de uma plateia que não aplaudiu a estética de Côté.

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