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Festival de Berlim | Violento suspense gay Tomcat ecoa o tom fatalista de Michael Haneke

O diretor Klaus Händl fala ao Omelete sobre seu novo filme

15.02.2016, às 22H56.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Em sua trigésima edição, o prêmio Teddy, dado anualmente no Festival de Berlim para filmes que buscam mais e melhores representações para o universo LGBT nas telas, serve como um ímã e assegura ao evento alemão abordagens muito distintas para gays, lésbicas e trans, como é o caso do longa-metragem austríaco Tomcat neste ano.

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Exibido na capital da Alemanha no sábado e no domingo, em salas abarrotadas, o filme dirigido por Klaus Händl parte de uma história de amor entre dois homens, sempre acompanhados de um gatinho de estimação, Moisés, para retratar o quanto uma paixão pode evoluir para a barbárie. O casal de músicos vive numa harmonia plena até que uma trivialidade - um camundongo devorado por Moisés - detona um mar de decepções e brutalidade.

"Há uma entrada nossa no universo da prática de swing entre casais que mexe com algo ainda muito obscuro na sociedade de classe média: as práticas não ortodoxas do sexo podem gerar tanto desconforto quanto a violência", diz o diretor ao Omelete. "Não se pode limitar esta história pelo rótulo de filme gay: um rótulo que pode ser valioso, que me aproxima de festivais de gênero sexual muito importantes, mas que pode reduzir as classificações. Este é um suspense sobre instinto. O gato... meu gato na vida real... está lá para mostrar a proximidade entre homens e bichos quando o assunto é desejo. A cena de Moisés brincando com um rato morto é um espelho para os danos que os meus protagonistas humanos causam a si."

Premiado no Festival de Locarno de 2008 como melhor revelação por March, Händl é um ator de formação e diretor de óperas, tendo trabalhado com o austríaco Michael Haneke (do oscarizado Amor) em A Professora de Piano (2001). Ecos do olhar catastrofista de Haneke se fazem soar em Tomcat na maneira como o equilíbrio conjugal entre Andréas (Philipp Hochmair) e Stefan (Lukas Turtur) descamba para o desastre - e o sangue.

"Onde não existe amor, tudo o que brota são sombras", diz Händl. "Filmamos em dez semanas, ao custo de 1,3 milhão de euros, para respeitar a emoção dos atores nas cenas mais íntimas, de sexo, e também nas cenas de descarrego. Era intenso demais para ser filmado num ritmo mais industrial. E, fora isso, não é fácil dirigir um gato, por mais carinhoso que o Tony, nome real do intérprete de Moisés, seja."

Na briga pelo Urso de Ouro, que segue tendo como favorito o documentário italiano Fuocoammare, de Gianfranco Rosi, bateu forte no peito da crítica e do público 24 Weeks, um drama alemão sobre riscos na gravidez que pode dar à beldade germânica Julia Jentsch (de Edukators) o prêmio de melhor atriz desta 66ª Berlinale. Ela vive Astrid, uma comediante de sucesso que, grávida do segundo filho, descobre que a criança nascerá com problemas de saúde grave. A notícia bagunça suas emoções e uma rotina de trabalho devotada ao humor.

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