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Festival de Cannes | Balanço dos vencedores

"Antes de tudo Dheepan é uma história de amor", disse o diretor premiado Jacques Audiard

24.05.2015, às 17H22.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Vive la France! Um parisiense ganhou a Palma de Ouro no 68º Festival de Cannes: Jacques Audiard, por Dheepan, um filme repleto de ação, com a taquicardia de um Cidade de Deus (2002) ao olhar para o mesmo universo: dos desvalidos sociais assombrados pela violência do tráfico de drogas. A diferença: o foco aqui repousa sobre um ex-guerrilheiro do Sri Lanka que finca raiz num solo banhado de sangue por tiros de traficantes mas que sabe reagir - e bem - para resguardar seus amores.

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A vitória foi anunciada pelos presidentes do júri: os irmão Joel e Ethan Coen. Neste em que o Festival de Cannes acenou para a cultura pop, iniciando sua competição com o arranco dos motores de Mad Max: Estrada da Fúria, o prêmio maior do evento foi para as mãos de um cineasta campeão de bilheteria, já indicado ao Oscar em Hollywood, capaz de imprimir autoridade em blockbusters como Ferrugem e Osso (1,8 milhão de pagantes na França) e O Profeta (1,3 milhão de tíquetes). Um novo fenômeno popular da grife Audiard se encena com o resultado de Cannes.

"Antes de tudo Dheepan é uma história de amor, construído a partir da percepção de alguém que pouco conhecia do Sri Lanka antes de saber sobre a realidade a partir de uma experiência de vida singular", disse Audiard na Croisette.

Na trama, um soldado do Sri Lanka (vivido pelo escritor Jesuthasan Antonythasan) deserta de seus compromissos de batalha, deixando para trás um passado de mortes acumuladas. Para imigrar para a Europa, ele precisa levar uma jovem e uma criança com ele, fazendo-se passar por esposo e pai. Mas ao se mudar para a França, vai ter que pegar em armas de novo para proteger suas "agregadas".

"O que mais nos surpreendeu foi o fato de se tratar de uma história de família. São três estranhos que aprender a ser família", dizia o jurado Jake Gyllenhaal, astro de Hollywood, para explicar o fascínio que Dheepan causou.

Favorito desde o começo da mostra, o concorrente da Hungria, Saul's Son, do estreante László Nemes, ficou com o Grande Prêmio e com a láurea da Federação Internacional de Imprensa Cinematográfica. Seu retrato para o sofrimento dos Sonderkommando (judeus forçados a ser mão de obra para os nazistas no campo de concentração de Auschwitz) já põe o longa húngaro como potencial candidato ao Oscar de filme estrangeiro em 2016 - a campanha começou aqui na Croisette.

Mexeu com o coração dos Coen e seus jurados também o filme de artes marciais The Assassin, do sino-taiwanês Hou Hsiao-hsien, que fez a alegria dos fãs de tramas de kung fu ao retratar o épico dilema de uma guerreira. Outro longa de tonalidade popular é Mon Roi, de Maïwenn, melodrama sobre brigas de casal que rendeu um prêmio de melhor atriz a Emmanuelle Bercot. Foi ela quem abriu o festival deste ano com outro filme: La Tête Haute. Bercot ganhou num empate com Rooney Mara, por Carol, no qual vive um amor lésbico com Cate Blanchett.

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