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Festival de Cannes | Cinema romeno se impõe na briga pela Palma de Ouro

Com estrutura policial, o drama Bacherelado discute a corrupção nas telas de Cannes, onde Aquarius desponta entre os mais aclamados

19.05.2016, às 11H29.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Responsável pela consgração mundial de um dos mais sólidos movimentos cinematográficos contemporâneos, a Primavera Romena, o diretor Cristian Mungiu injetou tensão nas veias do 69º Festival de Cannes, na manhã desta quinta, com Bacharelado (Bacalaureat), um drama de tintas policiais sobre um câncer político global: a corrupção.

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Embora não tenha o mesmo vigor de seus longas anteriores, ambos laureados na Croisette - 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias foi agraciado com a Palma de Ouro em 2007; Além das Montanhas conquistou o prêmio de roteiro em 2012 -, seu novo filme ganhou um fã-clube ardoroso em questão de horas e já é o preferido de uma ala significativa da crítica europeia, entre todos os concorrentes exibidos. Mas a unanimidade não é o forte por aqui, mantendo-se torcidas paralelas por Paterson, de Jim Jarmusch, e pelo brasileiro Aquarius, de Kleber Mendonça Filho, que tem uma das cotações mais altas no ranking das revistas locais, como Le Film Français e Screen.

As mesmas enaltecem a consistência narrativa de Mungiu em Bacharelado, ao mapear focos de corrupção na Romênia em diferentes instituições. "Este filme se chamou inicialmente Fotografias de Família por partir de uma relação parental, de pai e filha, mas novas camadas foram surgindo e a Romênia se impôs em outro plano, a partir de suas doenças internas", disse Mungiu ao Omelete.

Guiado pela ciranda de confusões envolvendo um médico, o Dr. Romeo, vivido por Adrian Titieni, Bacharelado é um ensaio sobre o "jeitinho romeno". Dr. Romeo é um pai amoroso, marido reticente e amante dedicado cujo sonho é ver a filha adolescente terminar o ensino médio com notas altas, para desfrutar de uma bolsa de estudos em Londres. Mas, às vésperas de prestar as provas finais, ela sofre uma tentativa de estupro, o que pode botar abaixo seu desempenho escolar. Para evitar isso, Dr. Romeo vai tentar subornar os diretores de sua escola, ao mesmo tempo em que tenta descobrir, com seus amigos policiais, quem foi o estuprador. Mas tudo isso tem como pano de fundo uma discussão sobre a ferrugem governamental da Romênia.

"Herdamos a inadimplência do regime comunista sob o qual vivemos oprimidos por décadas a fio. Essa herança gerou, por um exemplo, um desinteresse das instituições culturais pelo cinema autoral que a gente faz", disse Mungiu. No início do festival, a Romênia já havia se destacado na briga pela Palma ao abrir a mostra competitiva com Sieranevada, de Cristi Puiu. Mas o prestígio de Mungiu aqui é maior. Os ganhadores serão conhecidos neste domingo.

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