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Festival de Cannes | Documentário brasileiro abre discussão sobre a quebra da democracia

Em disputa pelo troféu L'Oeil d'Or, Cinema Novo relembra filmes revolucionários dos anos 1960

16.05.2016, às 11H31.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Cartografia estética das eternas contradições políticas do Brasil, construída a partir de uma colagem de cenas de cerca de 130 filmes da década de 1960, o documentário Cinema Novo foi recebido no 69° Festival de Cannes, em exibição na manhã desta segunda-feira, não como um exercício museológico e sim como um tratado poético sobre o desmantelo recorrente dos focos de resistência culturais no país.

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Para a plateia da Europa, soou como uma indigesta coincidência o fato de o filme sobre o movimento audiovisual de maior relevância autoral do cinema brasileiro, em toda a sua história, ser exibido na Croisette no momento em que o Ministério da Cultura é extinto pela nova cúpula do Poder em Brasília. O fato não passou em branco no discurso de seu diretor, o carioca Eryk Rocha, que incluiu neste ensaio documental sobre resistências ideológicas imagens de arquivo e cenas de longas de seu pai, o também cineasta Glauber Rocha (1939-1981). Além de Glauber, estão no doc outros cinemanovistas ilustres como Arnaldo JaborJoaquim Pedro de AndradeLuiz Carlos Barreto e Cacá Diegues, de quem Eryk pinçou um dos melhores diálogos sobre a suspensão da democracia durante os Anos de Chumbo: “A vitória da ditadura foi ter nos separado e transformado nosso cinema, que era de grupo, numa experiência individual”.

Este documentário é um filme sobre pessoas que tinham uma grande paixão pelo Brasil e pelo cinema, e enfrentaram um momento sombrio de nossa História. Mas hoje, nós vivemos uma nova interrupção do processo democrático no Brasil, o que nos deixa num muito muito triste. Mas Cinema Novo é uma forma de lembrar que a História é feita de lutas e que cada um deve lutar como pode, com o que tem”, disse Eryk, respeitado por cults como Rocha Que Voa (2002)  

Embora esteja numa mostra paralela à disputa pela Palma de Ouro, a seção Cannes Classics, o cineasta concorre ao troféu L'Oeil d'Or, dado ao melhor documentário do festival. 

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