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Festival de Cannes transforma Neruda, com Gael García Bernal, em acontecimento latino

Produção chilena, do mesmo diretor de No, foi aplaudida de pé durante quase sete minutos

13.05.2016, às 15H39.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Mito da literatura por seus poemas de amor e por sua militância contra a opressão política, Pablo Neruda ganha contornos heroicos nada comportados num épico chileno que virou, de bate-pronto, instantaneamente, um acontecimento no Festival de Cannes ao ser aplaudido de pé durante quase sete minutos ao fim de sua projeção. Dirigido por Pablo Larraín de No, tendo o galã mexicano Gael García Bernal como narrador e vilão, Neruda já caiu nas graças da Croisette, onde já passou a ser tratado como "filme para Oscar", tornando-se referência de excelência para a América Latina no evento. Por deslize da curadoria oficial, ele não está na disputa pela Palma de Ouro, escalado para a seção paralela Quinzena dos Realizadores.

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"É muito bom iniciar por aqui, pois foi na Quinzena que meus primeiros trabalhos iniciaram sua carreira, inclusive No", disse Larraín no palco, num discurso breve e nervoso, ao lado de Gael.

O futuro Zorro de Hollywood vive Óscar Peluchonneau, inspetor que persegue Neruda (encarnado por Luis Gnecco) a partir de 1948, quando o poeta era senador em nome da esquerda no Chile. A narração feita por Gael não é descritiva ou analítica dos fatos - é uma interpretação poética, quase delirante. Temos em cena dois homens em lados opostos do ringue político, cujos caminhos seguem paralelos.

Imagens de um colorido acachapante ressaltam os percalços das fugas de Neruda, obrigado a se fantasiar de mulher, de padre... Seus hábitos não são um modelo: beberrão, mulherengo, antiético, ele é avesso ao perfil das cinebiografias. A opção de não cair numa abordagem laudatória, chapa branca, de seu protagonista arrancou elogios da crítica europeia.

Na briga pela Palma de Ouro, o drama I, Daniel Blake, do inglês Ken Loach, é a única unanimidade no gosto popular até agora. Ainda nesta sexta, o festival acolhe em concurso uma produção alemã de duas horas e quarenta e dois minutos: Toni Erdmann, da diretora Maren Ade, sobre um reencontro de pai e filha. É o segundo concorrente com quase três horas, precedido pelo romeno Sieranevada, com 2h53m.

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