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Meu primeiro dia na San Diego Comic-Con

Evento representa o consumismo e a fidelidade nerd como nenhum outro no mundo

09.07.2015, às 12H33.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H46

Há pelo menos 15 anos ouço falar e acompanho a San Diego Comic-Con. Primeiro em casa, lendo o Omelete; depois trabalhando, escrevendo e cobrindo o evento para o Omelete, no Brasil. Em 2015 foi chegada a hora de conhecer a meca nerd - e por mais que eu conhecesse a feira, nada te prepara para o impacto de entrar no Centro de Convenções. Bonecos, roupas, quadrinhos, artistas, cosplayers e produtos a perder de vista. Aqui é sim o paraíso nerd.

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O dia começou com um planejamento da nossa cobertura. No meio do café, batemos o martelo sobre os papéis de cada um nos dois próximos dias e revisamos tudo que havia sido decidido na reunião de pauta da semana passada. Comemos no Kentucky Bar, lugar onde Tom Cruise filmou Top Gun, e seguimos para o Centro de Convenções para pegar nossas credenciais. A organização estava surpreendente. "Não é comum essa rapidez", comentaram meus companheiros de viagem, Érico Borgo e Marcelo Hessel. Não demorou dez minutos para colocarmos os 'badges' em nossos pescoços e mostrarmos isso para todos os nossos leitores. 

Redes sociais abastecidas (e mais uma mini reunião de pauta depois), esperamos para entrar no pavilhão. Naqueles minutos que antecederam a abertura dos portões, nada passava pela minha cabeça a não ser as fotos e textos que eu teria que fazer. E aí vale um adendo: quarta à noite da SDCC é conhecida como Preview Night, um intervalo de 3 horas em que a imprensa e alguns visitantes (que pagaram a mais) podem conferir tudo em primeira mão. Logo, essa é a melhor oportunidade para mostrar a feira com fotos de todas as novidades. E mesmo que não tenhamos Marvel Studios, Paramount e Sony esse ano, ainda há muita coisa para se falar. Mas voltemos à entrada no pavilhão...

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O primeiro contato com SDCC

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O primeiro vislumbre que tive ao entrar foram as armaduras dos cavaleiros de Warcraft. Feitos pela incrível Weta, a mesma de O Senhor dos Anéis e O Hobbit, os modelos exibidos aqui são os usados no filme e possuem um nível de detalhe absurdo. Nos próximos dias traremos uma matéria especial sobre esse estande, que ainda tem um Dain, de O Hobbit, em tamanho real e montando um javali. Ver isso pela internet é legal, mas trocar olhares com essas estátuas é algo surreal, mesmo depois de se afastar delas. O número de detalhes é tão grande que eles parecem estar ali. Vivos. São obras de arte, definitivamente.

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Saindo dali comecei a percorrer todo o pavilhão em busca das principais atrações. A DC, como esperado, tinha um dos estandes mais disputados. Os novíssimos uniformes de Batman, Superman e Mulher-Maravilha eram o centro das atenções. A armadura que o Homem-Morcego vai usar no filme Batman Vs Superman - A Origem da Justiça foi mostrado ao vivo aqui pela primeira vez - e ela está sensacional, assim como o uniforme normal do herói. Além desses, roupas de Arrow e Flash se espalhavam pelo chão do estande, que se preocupa em expôr, mais do que ostentar estrutura. Essa, aliás, é uma característica da SDCC. Quase nenhum estande é gigante, eles são focados ou em vendas ou em exposição de produtos futuros.

Nessa minha rápida caminhada de duas horas, apenas o estande de The Walking Dead impressionou pela grandeza. Nele você pode fazer duas coisas diferentes: atravessar um container com dez zumbis ou tirar fotos com eles, preso em uma parede de vidro. É divertido, uma experiência diferente e que destoa do restante do evento. Existe uma infinidade de lojas e quadrinistas espalhados pelo pavilhão, e isso dá à feira um ar ainda menos pomposo. Os estandes são quase baias grudadas e as vezes separadas pelas camisas penduradas entre um e outro. É feio? Sim. É organizado? Muito. Mesmo que esse aspecto de Feirão ronde algumas alas da SDCC, ela não perde sua aura de grandiosidade. Pelo contrário, ela se torna ainda mais um local de conjunção nerd: diversos tipos de pessoas se unem (em filas, muitas filas) em prol de alguma marca. Doctor Who, Star Wars, Marvel, DC e todos os outros nomes conhecidos deste universo estão representados em duas frentes que têm presença igualitária no evento: nos fãs e no comércio.

O fanatismo controlado

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Destas duas vertentes, a minha maior experiência direta, no primeiro dia, foi com os fãs. Deixarei as compras para outro dia. Saí do pavilhão faltando uma hora para ele fechar e fui verificar a fila para o Hall H, a sala onde os painéis mais importante acontecem. De acordo com meus parceiros, quinta é o dia mais fraco e não é preciso esperar muito para pegar as pulseiras que dão acesso ao painel. Ledo engano. Cheguei as 20:30 e sai 1h da manhã. A fila dá a volta no centro de convenções e fica na  beira do mar, ou seja, muita brisa gelada. O casaco que eu levei não foi o suficiente para os 17 graus. O tempo de espera me rendeu uma água e um pedaço de pizza dado pela LucasFilm para os fãs que estão esperando o painel de Star Wars, que acontece só na sexta! Insanidade. Fanatismo em um nível inexplicável.

E um dia que começou com um impacto inesquecível, termina com uma fila quilômetrica de quase 5 horas por uma pulseira. A experiência de passar por tudo isso faz parte, e é só a primeira etapa de um batismo que vai até domingo. Neste primeiro dia posso dizer que poucas vezes na vida presenciei tamanha devoção a alguma coisa. A San Diego Comic-Con é um lugar que movimenta milhões de dólares, e sem dúvida é um negócio, acima de tudo. ISS, porém, não deixa de abastecer e fazer o ano de milhares de pessoas que esperam julho para confraternizar e se sentir parte de um mundo que cada vez mais se destaca. Os nerds já dominaram o mundo, e aqui em San Diego eles fazem a sua gigantesca festa particular.

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Confira os destaques desta última semana

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