Anunciada como matéria-prima do próximo projeto de TV do cineasta José Padilha (Narcos) com a Netflix, a Operação Lava-Jato já assegurou espaço no cinema brasileiro em um projeto de longa-metragem, orçado em R$ 12 milhões, previsto para chegar às telas ainda este ano, com direção de Marcelo Antunez. O título: Polícia Federal - A Lei é Para Todos. Responsável por sucessos como Até Que a Sorte Nos Separe 3, filmado em parceria com Roberto Santucci, Antunez já está prospectando o elenco para o projeto, que inclui a produção de dois outros longas-metragens, uma série de 13 episódios para televisão e três livros ficcionais da escritora Ana Maria Santos com a história detalhada dos filmes. As filmagens acontecem em agosto e setembro em Brasília, Curitiba, Rio de Janeiro, São Paulo e São Luís. A estreia será em dezembro.
Fruto de uma negociação e de um trabalho de pesquisa realizados ao longo de oito meses, o filme se beneficia de um acordo de cooperação assinado no fim de 2015 entre o produtor Tomislav Blazic (de Vestido pra Casar) e a própria PF do título, que presta consultoria para a trama, sem ingerência no teor crítico buscado pelo diretor.
“Nosso roteiro está sendo desenvolvido principalmente com base em entrevistas com os responsáveis diretos pela investigação: os delegados federais da Superintendência da Polícia Federal de Curitiba e os procuradores do Ministério Público Federal de Curitiba”, explica Antunez. “Por meio dessas entrevistas, conseguimos detalhes sobre os bastidores das operações, o que nos está permitindo fazer um roteiro ficcional de alto teor dramático. Nosso acordo exclusivo de cooperação com a PF, negociado pelo produtor Tomislav Blazic, permitiu acesso a essas informações de bastidores tão valiosas. Outras fontes importantes de pesquisa para o roteiro são jornalistas que cobrem a operação e documentos da PF e do MPF.”
Os nomes reais serão mantidos?
Segundo Antunez, que fará Polícia Federal - A Lei é Para Todos com direção de fotografia de Marcelo Brasil (de E Aí, Comeu?), ainda não foi decidido se os nomes dos políticos envolvidos na Lava-Jato serão utilizados ou se será necessário o uso de pseudônimos.
“Nossa assessoria jurídica está analisando as implicações legais, pois todos os principais personagens do caso, entre eles investigadores, investigados, políticos e empresários, estarão em Polícia Federal - A Lei é Para Todos. Provavelmente, teremos inserts de imagens de manifestações e de trechos de telejornais para contextualizar o momento político do país e o papel da mídia e da opinião pública no andamento da investigação”, diz Antunez, explicando que o projeto será um thriller político de ação com muita emoção e suspense investigativo. “Estamos trabalhando para produzir um arrasa-quarteirão. Nosso ponto de vista é o da investigação. O roteiro vai abordar o jogo político de forma indireta: de um lado, as articulações para impedir o prosseguimento da investigação e, do outro lado, a mobilização da opinião pública a favor da operação”.
De acordo com o diretor, a caça às bruxas que deflagrou o pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff é extremamente cinematográfica:
“Os detalhes das prisões, as reviravoltas do caso, o surgimento das provas: todo o desenrolar da investigação é como um roteiro de cinema, que começa do pequeno e vai para o grande. A operação começou com quatro investigações interligadas sobre doleiros e, aos poucos, transformou-se no maior combate à corrupção que o país já viu, envolvendo de maneira inédita os maiores empresários do Brasil, políticos de vários partidos e até um ex-presidente. É o nosso Watergate”, explica Antunez. “De um lado o serviço de inteligência da Polícia Federal e do outro setores privados de inteligência - todos criando desinformação, contra-informação e influência no mais alto escalão para impedir o avanço das investigações.”
