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Crítica: Blade II - O Caçador de Vampiros

Blade II - O Caçador de Vampiros

20.06.2002, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H12

Quem acompanha os tropeços da Marvel Comics pelo Omelete já deve saber mais ou menos da história.

Durante muitos anos, quase toda a década de 90, a Casa das Idéias esteve na berlinda, prestes a decretar falência. A queda na venda das revistas e dos brinquedos, a má administração dos licenciamentos de suas personagens e a arrancada da concorrente DC Comics no cinema, com os filmes do Super-Homem e do Batman, causaram o risco iminente. A bancarrota, que parecia inevitável no fim do século, foi evitada por dois instrumentos: uma reviravolta na direção da empresa e uma safra renovada de títulos adaptados para a grande tela. Atualmente, apesar da rentabilidade, a Marvel ainda luta para manter a autonomia e evitar fusões. E uma das bóias que mantêm a editora à tona se chama Blade.

Blade II

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[PS: Mais informações, além do (o) básico, no empolgante e essencial Comic wars - How two tycoons battled over the Marvel Comics empire... And both lost, ou Guerra nos quadrinhos - Como dois magnatas lutaram pelo império da Marvel... E ambos perderam, do jornalista Dan Raviv, recém-publicado nos Estados Unidos, e que contém documentos confidenciais, balanços financeiros e o processo de falência aberto pelos advogados da Marvel em dezembro de 1996.]

Estômagos mais fortes

Criado em 1973 pelo roteirista Marv Wolfman e pelo desenhista Gene Colan, Blade, ou Lâmina, teve sua primeira aparição nos quadrinhos em The tomb of Dracula 10, uma publicação que juntava o diversificado elenco de sanguessugas da Marvel (leia mais sobre o tema no nosso especial Vampiros nos quadrinhos). O anti-herói, meio homem, meio vampiro, dedicava seus dias à caça dos imortais, com uma espada em punho, uma maneira de vingar a morte da mãe, mordida por um vampiro no momento do parto.

Longe de ser um dos astros da editora, Blade alcançou tímida notoriedade com pequenas participações em títulos diversos. A fama chegou em 1998, quando Wesley Snipes interessou-se em levar a história ao cinema. Sucesso de bilheteria, Blade -  O Caçador de Vampiros (Blade, de Stephen Norrington) agora tem uma continuação, exatamente denominada Blade II - O Caçador de Vampiros (2002), direção do mexicano Guillermo del Toro. O enfoque na ação e no visual dark permanece, mas a troca na direção já diferencia a abordagem.

Responsável por A Espinha do Diabo (El espinazo del diablo, 2001), uma fita gótica de horror e suspense, Del Toro intensifica o clima e ainda adota uma estética mais brutal. Se Blade exibia jorros de sangue, Blade II escancara sangue, vísceras expostas e secreções múltiplas. Se o original pedia certa complacência com a violência, a seqüência exige estômagos bem mais fortes. Além disso, a atualização dos efeitos especiais potencializa as cenas de ação. Inovações inexistentes em 1998, como o congelamento de tela, a câmera lenta giratória e as lutas suspensas no arame de Matrix (The Matrix, de Andy e Larry Wachowski, 1999), mais o chamado dublê digital que se tornou paradigma com os saltos de Homem-Aranha (Spider-Man, de Sam Raimi, 2002), garantem o êxito do filme e tornam as brigas mais interessantes.

A trama começa, logicamente, com mais uma caçada implacável. Depois de derrotar Deacon Frost, o vampiro que assassinara sua mãe no primeiro filme, Blade (Snipes) parte em busca de Abraham Whistler (Kris Kristofferson), seu mestre nos inícios da saga, supostamente morto ao se tornar um sanguessuga.

Assim que todas as novidades são explicadas e todos os cadáveres são redivivos, Blade recebe uma missão arriscada. Uma nova espécie de imortais, os Reapers (literalmente, Ceifeiros), mais evoluídos e resistentes, que se alimenta de vampiros, aterroriza o mundo. Apenas a união entre o caçador e seus inimigos pode eliminar a brutal ameaça.

Jekyll e Hyde

Uma certa proposta mais profunda marca a continuação.

No primeiro filme, Blade era só vingança. Na segunda parte, rola uma espécie de conflito entre o lado humano e draculesco do herói. Blade não sabe em qual dos dois confiar. Reflexões à parte, esqueça a coisa do Dr. Jekyll e Mr. Hyde, o que vale mesmo é a pancadaria. Fica difícil não se empolgar com as explosões de vampiros e golpes que misturam artes marciais com luta-livre. Por outro lado, uma análise mais criteriosa revelaria os buracos e os clichês no roteiro, seja na famosa traição-inesperada-do-mocinho-que-vira-vilão, na aparição-surpresa-daquele-que-já-parecia-finado ou no artifício kitsch do Vai lá Blade! Pega o seu óculos de volta e acaba com eles!, mas isso já é implicância minha.

Dentro da sua proposta, Blade II cumpre seu objetivo: mescla sustos com empolgação, une cenários elaborados com boa iluminação, reafirma Snipes como um protagonista carismático e sustenta o vigor até a última espadada.

Em todo o mundo, o retorno da bilheteria já supera o dobro do seu orçamento inicial de 55 milhões de dólares. Uma bilheteria expressiva, mas que, isoladamente, não salva a Marvel de seus problemas. A empresa continua tentando: vem aí mais Homem-Aranha, X-Men, Hulk, Demolidor... Enquanto isso, Guillermo del Toro ocupa-se da produção de Hellboy da Dark Horse, prevista para 2003, e Wesley Snipes decide se parte para a terceira edição de Blade, ou se ousa buscar, também na fonte rica dos quadrinhos, as histórias do herói africano Pantera Negra.

Nota do Crítico
Bom
Blade II
Blade II
Blade II
Blade II

Ano: 2002

País: EUA

Classificação: 14 anos

Duração: 108 min

Direção: Guillermo del Toro

Roteiro: David S. Goyer

Elenco: Wesley Snipes, Kris Kristofferson, Leonor Varela, Norman Reedus, Thomas Kretschmann, Luke Goss, Matt Schulze, Danny John-Jules, Donnie Yen, Ron Perlman, Karel Roden, Marit Velle Kile, Tony Curran, Daz Crawford, Santiago Segura, Samuel Le, Marek Vašut

Onde assistir:
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