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Crítica

Bling Ring - A Gangue de Hollywood | Crítica

Mais do que as celebridades, novo filme de Sofia Coppola questiona a cultura do gângster nos EUA

17.10.2014, às 16H25.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H34

"Crianças ricas com nada além de amigos falsos", canta Frank Ocean na canção que encerra Bling Ring - A Gangue de Hollywood (The Bling Ring), o filme de Sofia Coppola sobre crianças ricas com amigos falsos. É uma escolha bastante literal para os créditos finais, mas a figura de Ocean, que hoje representa o oposto do gangsta no rap dos EUA, é interessante para contrapor a relação que as personagens do filme têm com esse subgênero musical e com o gangsterismo americano em geral.

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A imagem que todos têm do gangsta rap são os videoclipes cheios de mansões, carrões, mulheres de biquini e correntes de ouro, e o ideal de vida das patricinhas de Bling Ring não é muito diferente. A trama se baseia no caso real de um grupo de adolescentes que comete uma série de assaltos a mansões de celebridades em Los Angeles, como Lindsay Lohan e Paris Hilton - celebridades que elas invejam e almejam conhecer. Dentro dos guarda-roupas de atrizes pouco mais velhas que elas, as ladras sabem de cor qual vestido ou sapato foi usado em determinado evento ou ensaio de fotos.

Depois de Um Lugar Qualquer, também ambientado na superfície de baladas de Berverly Hills, Sofia Coppola leva mais além seu exercício de observação da banalidade para mostrar como essas jovens são criadas em um universo de superproteção (escola em casa, remédios contra déficit de atenção) e se tornam filtros no "mundo real", pegando o que encontram para criar para si uma imagem de sucesso e riqueza. É essa imagem que se confunde com o gangsterismo - porque nos EUA de hoje, que ainda lida com a herança de "espertezas" do governo Bush, não é só a cultura da celebridade que se incentiva, mas também a cultura do gângster.

Então entre um golpe e outro, vemos a garotada nos carros, cantando junto o gangsta rap marrento que toca no rádio, ou brincando com uma arma encontrada num dos furtos. "É meio uma coisa Bonnie & Clyde", diz, em referência ao casal de assaltantes de bancos glamourizado pelo cinema, uma das personagens quando depara com o perigo de ser pega pela polícia - um flerte com a notoriedade pública que obviamente a gangue não refuta, porque ninguém é celebridade se guarda a fama para si.

Em "Super Rich Kids", Frank Ocean, gay assumido, também canta que "procura por um amor de verdade". Uma das cenas mais importantes de Bling Ring é o momento em que o único menino da gangue, que evidentemente não consegue lidar bem com sua sexualidade, apaga as luzes do quarto para cantar e dançar um rap. É um pedido privado por compreensão - de corresponder de verdade seu tipo de amor. Que esse personagem tenha o final mais doloroso de Bling Ring - não só agridoce, como a maioria dos finais do filmes de Sofia, mas terrível mesmo - é mais um sinal de que os EUA têm muito o que reexaminar.

Bling Ring - A Gangue de Hollywood | Cinemas e horários

Nota do Crítico
Bom
Bling Ring – A Gangue de Hollywood
The Bling Ring
Bling Ring – A Gangue de Hollywood
The Bling Ring

Ano: 2013

País: EUA

Classificação: 16 anos

Duração: 90 min

Direção: Sofia Coppola

Elenco: Emma Watson, Israel Broussard, Taissa Farmiga, Katie Chang, Claire Julien, Georgia Rock, Leslie Mann, Carlos Miranda, Gavin Rossdale, Stacy Edwards, Erin Daniels, Nina Siemaszko, Brenda Koo, Joe Nieves

Onde assistir:
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