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Bobby

Filme-mosaico à moda Altman acompanha os coadjuvantes da morte de Robert Kennedy

26.07.2007, às 17H00.
Atualizada em 14.01.2017, ÀS 20H00

Normalmente, os filmes têm um ou dois personagens principais e alguns coadjuvantes orbitando pela trama. Mas existem os cineastas que não se prendem às regras e vão além para contar suas histórias.

Era este o caso do mestre Robert Altman, falecido no ano passado, que criava filmes cheios de personagens, todos eles riquíssimos. Guardadas as devidas proporções, é assim Bobby (2006), de Emilio Esteves. Apesar de ter o irmão mais novo de John F. Kennedy no título, a história é centrada nas outras pessoas que estavam no Ambassador Hotel no dia em que Robert Kennedy, então candidato à presidência dos EUA, foi baleado.

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Ao todo, são 23 personagens que entram e saem de cena e todos eles com tempo suficiente para mostrar sua raison d'être, e o seu papel naquele microcosmo desenhado pelo diretor e roteirista Esteves. Estão lá os jovens sonhadores que se voluntariaram para ajudar na campanha, a garçonete que vem do interior com o sonho de ser atriz em Hollywood, o hippie, o jovem que se casa para fugir do Vietnã, os negros, os latinos, os trabalhadores da classe média, a alta sociedade.

Ajuda bastante o fato do diretor contar com ótimos atores, que enchem o pôster do filme e também a telona. Para não ficar exaltando as já conhecidas qualidades de atores como Anthony Hopkins e William H. Macy, destaco o trabalho de Joshua Jackson (finalmente deixando para trás o "fantasma" de Dawson's Creek). Estão igualmente irreconhecíveis Sharon Stone e Demi Moore, respectivamente como a cabelereira do hotel e a cantora alcóolatra em decadência.

Robert F. Kennedy também aparece, claro, mas apenas em imagens recuperadas de arquivo. São mostrados ali discursos e reportagens em que ele aparece ao lado do povo estadunidense. Não os nova-iorquinos e californianos saudáveis, mas sim os pobres que não tinham a atenção do governo da época e por isso idolatravam o jovem senador. E é aí que está a grande "sacada" do filme, os paralelos com os dias atuais.

Bobby, que havia perdido os dois irmãos mais velhos, carregava a bandeira da coexistência pacífica, da integração entre raças não apenas para o seu país, mas para um mundo melhor. Enquanto seu compatriota George W. Bush demora para mostrar a cara em uma Nova Orleans destruída pelo Katrina o então candidato a presidência visitava o delta do Mississipi para ver de perto a miséria que teria de combater. Isso sem falar na óbvia comparação entre os soldados que nos anos 60 iam para o Vietnã e hoje são mandados para o Iraque.

Dizem que a bala que atingiu Bobby matou também a esperança de um mundo melhor. Mas o mundo não pode depender de apenas uma pessoa. Cabe a nós fazermos as nossas partes. Emílio Esteves está fazendo a dele... e muito bem feita!

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