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Crítica

Um Tiro no Escuro | Crítica

<i>Um tiro no escuro</i>

25.03.2004, às 00H00.
Atualizada em 16.11.2016, ÀS 08H07

Um tiro no escuro
A shot in the dark

EUA, Inglaterra, 1964
Comédia - 102 min.

Direção: Blake Edwards
Roteiro:
Marcel Achard (peça), William Peter Blatty, Harry Kurnitz (peça)

Elenco: Peter Sellers, Elke Sommer, George Sanders, Herbert Lom, Tracy Reed, Graham Stark, Moira Redmond, Vanda Godsell, Maurice Kaufmann, Ann Lynn, David Lodge, André Maranne, Martin Benson, Burt Kwouk

O diretor Blake Edwards e o astro Peter Sellers (1925-1980) trabalharam sete vezes juntos no cinema. Seis delas na série cômica A Pantera Cor-de-Rosa e mais uma em Um convidado bem trapalhão (The party, 1968).

O primeiro filme da dupla, A Pantera Cor-de-Rosa (The Pink Panther, 1963) batizou a série quando o Inspetor Jacques Clouseau (Sellers) tinha que desvendar o desaparecimento de um diamante que levava o nome do estiloso felino. A partir daí, mais cinco filmes do atrapalhado investigador foram realizados pelos dois, incluindo uma homenagem póstuma (A trilha da Pantera Cor-de-Rosa, 1982), realizado com uma montagem de cenas inéditas dos outros filmes costurada com seqüências novas dos demais atores da série.

É curioso notar como os filmes protagonizados pelo Inspetor Clouseau se transformam com o tempo. O primeiro Pantera Cor-de-rosa e Um tiro no escuro, respectivamente de 1963 e 1964, apresentam um personagem que satiriza os dramas detetivescos franceses - pátria cujos críticos, inclusive, já cunhavam a expressão "filme noir" nos anos 30, antes da consolidação do gênero nos 40. Isso fica claro no sotaque que o inglês Sellers imita, na fleuma inatacável do seu ajudante-galã Hercule e no pastelão do comissário Dreyfus.

Essa sátira é a alma de Jacques Clouseau.

Acontece que os filmes seguintes da série da Pantera, em 75, 76, 78 e 82 (em 68, nem Edwards nem Sellers participam de "Inspector Clouseau"; em 93 o diretor a retoma sem o astro) mudam um pouco o foco. Nesta época James Bond começava a se desgastar, e Sellers sabe aproveitar a deixa. Não à toa, o seu detetive adquire missões mais megalomaníacas envolvendo magnatas extravagantes e viagens intercontinentais. Clouseau, como Bond, foge de matadores profissionais em meio a festas folclóricas, investe ainda mais nos disfarces e ainda ganha algumas tralhas tecnológicas. A trama de A Nova Transa da Pantera Cor-De-Rosa (The Pink Panther Strikes Again, 1976), por exemplo, é puro 007: em troca da morte de Clouseau, Dreyfus foge do sanatório, seqüestra um cientista e constrói uma máquina capaz de destruir o mundo.

Resumindo: se você quiser conferir o Inspetor Clouseau em sua essência, veja Um tiro no escuro (A Shot in the Dark), que a Fox está colocando novamente em cartaz no Brasil.

No segundo longa da série, Blake Edwards já tinha uma idéia cimentada sobre o futuro da franquia cômica e aproveitou uma oportunidade de ouro para colocá-la em prática. O filme originalmente não fazia parte da mitologia da Pantera e era apenas uma aventura policial estrelada por Sellers. Entretanto, com o sucesso do primeiro filme da dupla alguns meses antes, o estúdio chamou o diretor para que ele arrumasse o roteiro e salvasse a produção, coisa que ele fez trocando o personagem principal pelo inspetor Clouseau. Edwards também apostou na idéia de criar personagens recorrentes no universo do investigador, como o engraçadíssimo Kato (Burt Kwouk) - um "pupilo" do detetive que o ataca inesperadamente durante o filme para testar os reflexos de ambos - e o chefe de polícia Charles Dreyfus (Herbert Lom) - que tem que responsabilizar-se pelas trapalhadas de seu subordinado.

Com um humor físico impecável, apoiado por situações completamente inusitadas e engraçadíssimas, o filme começa com uma cena genial e memorável. Durante toda a introdução, uma música francesa toca enquanto a câmera passeia sem cortes pela fachada de uma idílica mansão francesa. Lá dentro, pessoas caminham, esgueirando-se pelos cantos buscando amantes e evitando o encontro com outros insones adúlteros. A situação se estente por minutos, até que *BAM*, soa o "tiro no escuro" do título. A vítima é o motorista do milionário Benjamin Ballon (George Sanders), que foi aparentemente assassinado pela bela empregada Maria Gambrelli (Elke Sommer).

Clouseau chega para desvendar o caso, coisa "que fará em poucos minutos" segundo a sua própria lógica distorcida. Entretanto, uma avassaladora atração pela suspeita faz com que ele solte-a para colocar em ação um plano infalível: usá-la como isca para o verdadeiro assassino. Porém, todas as vezes que a bela mulher é colocada em liberdade, um novo cadáver surge, para o desespero do chefe de polícia, que embarca em sessões de autoflagelamento para descarregar a raiva crescente que sente do inspetor. Enfim, todos os personagens são suspeitos e cabe a Clouseau encontrar o verdadeiro assassino, enquanto enfrenta algumas situações absurdas como dirigir pelado pela capital francesa, recuperar-se das dezenas de quedas que sofre durante o filme ou escapar de perigosos atentados, ainda que não imagine que eles estejam ocorrendo bem debaixo do seu bigode.

A nossa recomendaçao para que você assista ao filme no cinema é máxima. Trata-se de um trabalho de gênios em sua melhor forma, acompanhados pela trilha sonora impecável de Henri Mancini. Não há desculpa para trocar esse filme por qualquer comediazinha modernosa em cartaz.

Colaborou Marcelo Hessel

Nota do Crítico
Excelente!
A Pantera Cor de Rosa
Pink Panther
A Pantera Cor de Rosa
Pink Panther

Ano: 2005

País: EUA

Classificação: LIVRE

Duração: 93 min

Direção: Shawn Levy

Elenco: Steve Martin, Kevin Kline, Beyoncé Knowles, Jean Reno, Emily Mortimer

Onde assistir:
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