O grande desafio para um ator que fica marcado por um papel é a distância: separar a si mesmo e seus novos trabalhos daquilo que o levou à fama. É o caso de Jennifer Aniston, que busca exorcizar de vez a sua Rachel Green de Friends em Cake - Uma Razão Para Viver.
O esforço é aparente: o belo rosto coberto de cicatrizes, a ausência de maquiagem. O mesmo recurso de “enfeiamento” que nomes como Charlize Theron e Nicole Kidman usaram para ganhar as suas estatuetas do Oscar. Aniston não levou nenhum prêmio grande, mas figurou no topo da lista de atrizes esnobadas pela Academia em 2015 e convenceu a crítica que sua carreira poderia ir além das comédias comerciais.
Sua atuação é, de fato, a melhor parte de Cake. Por mais que a protagonista Claire Bennett seja a típica isca para premiações - uma mulher sofrendo de dor crônica, coberta pelas marcas de uma misteriosa tragédia, que precisa reaprender a viver -, o trabalho de Aniston é cru, sem maneirismos. Um retrato sincero e por vezes comovente das agonias da sua personagem.
O filme dirigido por Daniel Barnz, porém, não acompanha a dedicação da sua atriz principal. Diversos elementos ligados à história de Claire acabam mal conduzidos, resultando em uma narrativa de momentos marcantes, mas sem fluidez. Centrado em temas complexos como a dor (física e emocional), o suicídio e a maternidade, o longa não suporta o próprio peso dramático. Cria imagens - a figura iluminada da empregada Silvana (Adriana Barraza), a apresentação alinhada da suicida Nina (Anna Kendrick), os caminhos vistos pelo banco deitado no carro Claire - mas apenas esboça os seus significados.
Cake - Uma Razão Para Viver é o resultado de boas intenções. Sem alma para se sobressair cinematograficamente, contudo, o filme fica apenas preso ao histórico da sua estrela: “aquele em que Jennifer Aniston superou Rachel Green”.
Ano: 2014
País: EUA
Classificação: 12 anos
Direção: Daniel Barnz
Elenco: Jennifer Aniston, Anna Kendrick, Adriana Barraza
