Hugo Carvana é diretor da malandragem. Vagabundos carismáticos, cheios de lábia e malemolência povoam quase toda a sua filmografia - da estreia atrás das câmeras, em 1973, com Vai Trabalhar Vagabundo, até o novo Casa da Mãe Joana 2.
casa da mae joana
Na continuação do filme de 2008, seu estudo sobre o malandro carioca moderno chega a terceira idade. Como bons amigos, Antônio Pedro (Montanha), José Wilker (Juca) e Paulo Betti (PR), deixando de fora Pedro Cardoso, retornam para contar uma história desprovida de lógica, envolvendo sucessos literários, viúvas ricas de ditadores africanos, equipamentos de espionagem e assombrações.
Tentar explicar Casa da Mãe Joana 2, porém, é um exercício de falácia. Há tantos elementos bizarros e desconexos - de maratonas de maconha à aparições da nobreza francesa - que a única reação possível ao final da sessão é o silêncio: “O que foi isso que eu acabei de ver?”. O mote continua a ser o hedonismo, mas o desgaste dos anos transforma o filme em um corpo estranho, onde referências sofisticadas a Sam Peckinpah (Tragam-me a Cabeça de Alfredo Garcia, 1974), Louis Malle (Zazie no Metrô, 1960) e Federico Fellini (E la Nave Va, 1983) se misturam a piadas banais sobre gays, gordas e pirocas.
Melhor é pensar em Casa da Mãe Joana 2 não como um filme sobre malandros, mas como uma malandragem em si. O capítulo final da trilogia Vai Trabalhar Vagabundo (depois da continuação de 1991), com Carvana retornando discretamente ao papel de Secundino Meireles para um último grande golpe no público brasileiro.
Ano: 2012
País: Brasil
Classificação: 14 anos
Duração: 90 min
Direção: Hugo Carvana
Elenco: Paulo Betti, Lúcia Bronstein, Leona Cavalli, Betty Faria, Felipe Kannenberg, Fabiana Karla