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Tratar a homossexualidade no cinema é uma tarefa relativamente espinhosa. Se por um lado é tentador e facílimo descambar para o estereótipo, por outro também é bem simples cair em discursos panfletários em prol dos gays.
Imagine, então, fazer um filme sobre um casal de homossexuais dentro do Exército. E nada menos do que o Exército de Israel, um dos mais poderosos do mundo. Quem toma essa tarefa para si é o diretor israelense Eytan Fox. Mas ele não é novato no assunto. Já desenvolveu um média-metragem, Time Off, em 1990, sobre a temática gay dentro das forças armadas. Desta vez, resolve ser menos polêmico e realiza Delicada relação (Yossi & Jagger, 2002).
O filme narra a relação entre o oficial Yossi (Ohad Knolle) e Jagger (Yehuda Levi), seu subordinado. Junto com um grupo de soldados, eles fazem a vigilância de um trecho da fronteira entre Israel e Líbano. Obviamente, a relação é mantida em absoluto segredo, ainda mais porque nas forças israelenses mulheres também servem o Exército, e a bela Yaeli (Aya Koren) nutre uma paixão por Jagger.
O diretor tenta fazer, além de uma crônica da vida no serviço militar, o relato de uma paixão sufocante, sem julgamentos morais. Dois jovens presos por convenções, medos e inseguranças, sem a possibilidade de liberar o amor que sentem. Apesar do título nacional prometer algo complicado, o filme é sutil. A história poderia ser de um amor inter-racial, de pessoas com crenças diferentes ou classes sociais antagônicas. Fox escolheu um casal gay. Só isso.
Delicada relação é um filme simples e sem ostentação - não por menos, os personagens vivem dizendo "este não é um filme americano". Fato. Ninguém vira purpurina, ninguém é espancado por sua escolha. Trata-se, somente, da solidão da opção pelo silêncio. E isto, geralmente, é terrível.
Ano: 2002
País: Israel
Classificação: 14 anos
Duração: 65 min
Direção: Eytan Fox
Elenco: Ohad Knoller