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Crítica

João e Maria - Caçadores de Bruxas | Crítica

Conto de fadas sangrento tenta virar franquia, mas quem vai querer comprar um sub-Van Helsing?

20.10.2014, às 12H38.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H39

João e Maria - Caçadores de Bruxas (Hansel & Gretel: Witch Hunters), versão gore da fábula clássica dos irmãos Grimm, não tem mais nem menos banho de sangue do que muitos filmes de baixo orçamento ou produções direto para DVD voltadas para o mercado do terror. Para uma produção de grande estúdio que pega carona na moda dos contos de fada, porém, a sangueira até que é bem inesperada.

joão e maria

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Não convém aqui discutir se foi uma boa estratégia ou se a violência cartunesca misturada com fábula infantil vai cair num vácuo demográfico (o filme pode ser impróprio para pré-adolescentes e considerado bobo por adolescentes). A questão é que a surpresa de ver astros como Jeremy Renner e Gemma Arterton besuntados de sangue falso é a única atração deste filme - que, de resto, é um grande equívoco de concepção e execução.

Na comparação, João e Maria - Caçadores de Bruxas faz Abraham Lincoln - Caçador de Vampiros parecer muito sofisticado. O parentesco mais próximo é com Van Helsing, não só porque as armas e os figurinos parecem reaproveitados do filme de 2004 (quando teremos um blockbuster sem vergonha de se assumir steampunk?), mas principalmente porque ambos tentam contar uma história medieval com uma linguagem pop e terminam num indeciso meio termo, descaracterizando tudo.

Van Helsing pelo menos não tinha a intenção - que hoje Hollywood trata como obrigação - de estabelecer uma nova franquia de ação. Desde o início João e Maria - Caçadores de Bruxas é apresentado e martelado como um produto que vieram nos oferecer na nossa porta, que o vendedor diz ser irrecusável mas não se presta a explicar pra que serve ou como funciona.

Quinze anos depois de sobreviverem à casa de doces, João/Hansel (Jeremy Renner) e Maria/Gretel (Gemma Arterton) ganham a vida como matadores de aluguel, indo de vila em vila atrás das tais bruxas. Produtos que são, seus diferenciais são a inovação (a vila do filme já tem um caçador de bruxas, mas incompetente e vil) e o ineditismo (ninguém da vila ouviu falar de João e Maria, embora o lugar seja perto de onde os irmãos cresceram e nos créditos iniciais a notícia dos dois tenha se espalhado).

Além da inovação e do ineditismo, todo produto de franquia implica uma legião pronta de fãs (não vendida separadamente). Então depois que a fama e o talento de João e Maria são repetidos pela décima vez em meia hora de filme, surge um fanboy adolescente medieval pra afirmar tudo de novo e emendar: "I'm a fan of your work!". Depois disso, dá até pra se divertir com algumas coisas que acontecem no clímax (a galeria de bruxas é bem politicamente incorreta), se você aguentar até o fim do filme.

Talvez um dia João e Maria - Caçadores de Bruxas seja visto como uma transgressora obra de arte que implode a lógica das franquias hollywoodianas ao revelar parodicamente suas entranhas, uma bomba de metalinguagem que deixa estilhaços e vísceras por todos os lados. Até lá, é só um filme com a ilusão de que pode imitar Os Vingadores (a superequipe com suas armas viradas pra câmera no final), o modelo de franquia hoje, como se ninguém fosse perceber.

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Nota do Crítico
Ruim
João e Maria: Caçadores de Bruxas
Hansel and Gretel: Witch Hunters
João e Maria: Caçadores de Bruxas
Hansel and Gretel: Witch Hunters

Ano: 2012

País: Alemanha, EUA

Classificação: 14 anos

Duração: 120 min

Direção: Tommy Wirkola

Elenco: Jeremy Renner, Gemma Arterton, Famke Janssen, Pihla Viitala, Derek Mears, Peter Stormare, Thomas Mann, Ingrid Bolsø Berdal, Zoë Bell, Joanna Kulig, Monique Ganderton, Stephanie Corneliussen, Christian Rubeck, Thomas Scharff, Kathrin Kühnel, Cedric Eich, Alea Sophia Boudodimos, Matthias Ziesing, Sebastian Hülk, Vegar Hoel, Jeppe Beck Laursen, Stig Frode Henriksen, Rainer Bock

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