Durante 90 minutos, os diretores Lucien Castaing-Taylor e Véréna Paravel amarram câmeras minúsculas em pescadores, em barcos e máquinas, as afundam em tanques de peixes, as colocam no que parecem ser balões para voarem entre as gaivotas e as mergulham no oceano.
Leviathan
Seu objetivo é registrar imagens de pesca industrial em alto-mar, com o mínimo de interferência possível. Em longos takes, vemos, quase em tempo real, diversas espécies de peixes e moluscos saindo do oceano, recebendo triagem, sendo limpas e armazenadas. Não há diálogos, apenas trabalho e o choque entre animais, humanos e máquinas.
O resultado, algo totalmente diferente do típico documentário de natureza, é interessante a princípio, e rende algumas boas imagens, mas uma hora e meia de imagens tremidas e de má qualidade, muitas vezes sem qualquer iluminação, o som ruim (captado nas próprias câmeras) e a ausência de qualquer explicação sobre o que estamos vendo culmina em um exercício de paciência tão colossal quanto o leviatã do título.
Entende-se a intenção: os diretores pretendem interferir o menos possível no objeto de seu registro, realizar um documentário honesto, mas o resultado é monótono demais. Em uma das cenas, literalmente, assistimos a um marinheiro caindo no sono ao longo de quatro minutos (há um relógio na parede) na sala de descanso.
O lado bom: Leviathan é prova de que a pesca é contagiante. Também dei as minhas pescadas no cinema.
Ano: 2012
País: França, Inglaterra
Classificação: LIVRE
Duração: 87 min