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Crítica

Linda de Morrer | Crítica

Longa mistura clichês das comédia brasileiras, mas consegue arrancar boas risadas

19.08.2015, às 17H34.
Atualizada em 19.08.2015, ÀS 17H58

Uma sai do próprio do corpo, o outro fala com uma alma que só ele pode ver enquanto um próximo arma falcatruas para lucrar com uma fórmula milagrosa, enfim, Linda de Morrer, dirigido por Cris D’Amato (S.O.S Mulheres ao Mar), é uma mistura de Se Eu Fosse Você com um toque de A Mulher Invisível e tudo isso temperado por uma série de clichês menores típicos da comédias brasileiras recheadas de armações, trapalhadas e com uma lição de moral muito séria no fim.

Glória Pires interpreta Paula, uma médica renomada que desenvolve um remédio para acabar com as celulites. Sem saber dos resultados dos testes, a doutora testa o produto em si e, ao sofrer os efeitos colaterais, briga com a filha e acaba causando a própria morte. Paula desencarna mas continua na terra como um fantasma, porque tem assuntos inacabados. Paralelamente, uma mãe de santo (Susana Vieira) morre deixando seu dom de ajudar espíritos para seu neto Daniel (Emílio Dantas), um psicólogo que ajudará Paula a reencontrar sua filha Alice (Antônia Morais - que é filha de Pires na vida real) e saldar suas pendências.

Apesar da peruagem estereotipada da mãe viciada em trabalho que fez dinheiro mas não teve tempo de pensar na vida, a relação maternal e seus conflitos, se desenvolve bem e de forma realista. A comédia é crítica em alguns bons momentos, como quando Alice briga com Paula por sua vaidade e excesso de trabalho, mas a mãe rebate colocando em xeque a posição da filha, que enxerga o mundo de cima do trono confortável que herdara.

D’amato, que já tinha trabalhado o tema na minissérie As Brasileira, em que Glória contracena com sua outra filha, Ana Pires de Morais, mostra que aprimorou bem sua capacidade de mergulhar nos conflitos parentais. Mais importante que isso, com uma trama focada em mulheres e suas relações entre si, preocupações com o trabalho e suas aspirações, na qual o romance da filha fica em segundo plano, a diretora consegue transcender os problemas do seu filme anterior, S.O.S. Mulheres ao Mar, no qual coloca as mulheres em guerra por causa de um homem, usando o slut-shamming como arma triunfal.

Os atores de Toma Lá da Cá, George Sauma (Tatalo) e Stella Miranda (Dona Alvara) criam um dos auges de humor do longa, parodiando os programas matinais, e Viviane Plasmanter, também conquista risadas com o carisma de sua personagem maníaca depressiva. Já Susana Vieira, que não se preocupa mais em interpretar outro papel que não seja o dela mesma, só diverte pelo ridículo de sua posição. Entre piadas prontas, pausas para o riso do público e lições de moral, ela interpreta uma mãe de santo loira e, assim como na novela a casa da favela tem uma sala de 30 metros quadrados, no centro de umbanda de Vieira, só há um figurante negro, detalhe que a câmera tenta esconder, mas que só reforça a mania global de falar da periferia maquiando a realidade.

Sem dúvidas, Linda de Morrer consegue divertir o espectador e deve arrancar risadas até dos mais sisudos com suas piadas inteligentes (sem estragar a surpresa, há uma boa envolvendo o fotojornalista Sebastião Salgado, entre outras referências pouco óbvias). No entanto, o roteiro de Carolina Castro, que conta com a colaboração de mais quatro escritores, não consegue seguir uma linha uniforme. O  humor passa do culto ao pastelão, apelando para piadas físicas como ridicularizar a empregada gordinha dançando funk. Se em determinados momentos, a diretora puxa o diálogos até o limite do riso, em outros, parece impor uma barreira moralista na qual a risada tem de acabar com uma lição de vida.

Mesmo sendo feita na forminha já gasta e enferrujada de filmes nacionais comerciais, o longa de Cris D’Amato consegue se sair melhor que a média por abordar as relações entre as personagens de forma consistente. Mas a busca por agradar a todos os públicos e conquistar altas bilheterias, criando um mosaico mal rejuntado de piadas crítica com pastelão, romance e um clima de novela espírita das seis, faz com que o filme caia no mesmo limbo das outras comédias encomendadas da Globo Filmes.

Nota do Crítico
Regular
Linda de Morrer (2014)
Linda de Morrer
Linda de Morrer (2014)
Linda de Morrer

Ano: 2014

País: Brasil

Classificação: 10 anos

Duração: 0 min

Direção: Cris D'amato

Elenco: Glória Pires, Susana Vieira, Emilio Dantas, Antonia Morais

Onde assistir:
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