Recém-saído do pesado exame de relações de Deixe a Luz Acesa (2012), o diretor Ira Sachs faz em O Amor É Estranho (Love Is Strange, 2014) um filme com cara de entressafra, um drama similar ao filme anterior, na sua busca por uma cumplicidade, mas mais apoiado na comoção.
A trama parece uma versão gay de Era Uma Vez em Tóquio (1953). George (Alfred Molina) e Ben (John Lithgow) vivem um casal que decide se casar no papel depois de 40 anos juntos. A decisão, celebrada em festa por todos os familiares, resulta na demissão de George, professor de música numa escola católica de Manhattan. Até encontrar um novo apartamento compatível com a renda dos dois, George e Ben precisam morar de favor.
amor é estranho
Assim como no clássico de Yasujiro Ozu, o que se estabelece é um drama agridoce de gerações - de um lado, os mais velhos, George e Ben, com sua sabedoria e sua paciência adquirida com os anos; do outro, os mais jovens, que hospedam o casal, os amigos e familiares com sua própria demanda por espaço, ainda atrás de uma identidade e de uma cumplicidade como a de George e Ben.
Sachs se apoia nas ótimas atuações de Lithgow e Molina para fazer esse elogio do companheirismo, num filme sem as mesmas arestas de conflito de Deixe a Luz Acesa. O roteiro - que refaz a parceria de Sachs com o brasileiro Maurício Zacharias - trata de facilitar a nossa tomada de partido (diálogos ressaltam a importância que Ben e George tiveram no passado dos jovens, acolhendo-os em casa e ajudando em sua formação cultural) e, no fim, depois que muita coisa se resumiu a uma questão de gratidão, o que sustenta O Amor É Estranho é a posição mais confortável do humanismo.
Ano: 2015
País: EUA
Classificação: 12 anos
Duração: 0 min
Direção: Ira Sachs
Roteiro: Ira Sachs, Maurício Zacharias
Elenco: John Lithgow, Alfred Molina, Marisa Tomei, Darren E. Burrows, Charlie Tahan, Cheyenne Jackson
