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Créditos da imagem: Mapas para as Estrelas/Divulgação

Filmes

Crítica

Mapas para as Estrelas

David Cronenberg erra a mão no pior filme de sua carreira

19.03.2015, às 08H07.
Atualizada em 22.05.2020, ÀS 17H18

Criar uma sátira sobre a relação de Hollywood com a "cultura ocidental" e a natureza ao mesmo tempo repulsiva e sedutora desse meio era a intenção do grande David Cronenberg com Mapas para as Estrelas (Maps to the Stars, 2014), seu novo filme. O resultado, porém, caiu um pouco distante das pretensões do cineasta.

Fazer filmes sobre as excentricidades e o vazio existencial de Hollywood está para a direção como os filmes de bloqueio de escritor estão para os roteiristas. Há simplesmente produções demais assim, todas com os mesmos personagens e temas. Esperava-se que o talento de Cronenberg fosse capaz de trazer algo novo a esse subgênero, mas lamentavelmente o pouco que ele acrescenta são uns delírios fantasmagóricos, que parecem roubados de David Lynch em Twin Peaks.

A produção toda tem uma aura quase caseira, com produção ruim, indo das cicatrizes mal feitas de Mia Wasikowska à própria qualidade da imagem, que traz à mente um telefilme (quando telefilmes eram sinônimo de algo ruim).

O filme acompanha a vida da familia Weiss, que floresceu em Hollywood e examina como é nascer e crescer entre o dinheiro e a ostentação da Meca do Cinema.

O Dr. Stafford Weiss (John Cusack) é um guru da autoajuda cuja esposa (Olivia Williams) administra a carreira do filho de 13 anos Benjie (Evan Bird), recém-saído da clinica de desintoxicação (algo que faz desde os nove anos). Mas segredos do passado os assombram na forma da filha delinquente Agatha (Wasikowska), que começa a trabalhar para um estrela decadente (Julianne Moore, incompreensivelmente eleita melhor atriz em Cannes pelo papel), que luta para recuperar sua carreira fazendo um reboot do maior filme de sua falecida e abusiva mãe.

Os personagens são tão caricatos, as situações de impacto tão previsíveis e as reviravoltas tão risíveis que a tal "sátira" se parece mais com a visão que a Televisa teria de Hollywood. Um tapa-olho em Julianne Moore ficaria perfeito...

Até mesmo a trilha sonora de outro mestre, Howard Shore, consegue afundar ainda mais o barco. Notas provocantes de suspense, quando tudo o que se vê na tela é outra das bobagens encadeadas por Cronenberg, evidenciam o tom de pastiche.

Parece que as desilusões do cineasta com a industria do cinema o fizeram tentar uma pouco planejada vingança pessoal na forma de Mapas para as Estrelas. Mas quem será que está rindo por último dessa piada?

Nota do Crítico
Regular
Mapas para as Estrelas
Maps to the Stars
Mapas para as Estrelas
Maps to the Stars

Ano: 2014

País: EUA

Classificação: 16 anos

Duração: 0 min

Onde assistir:
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