Filmes

Crítica

Muitos Homens Num Só | Crítica

Entre a pipoca e o cult brasileiro

25.06.2015, às 17H11.
Atualizada em 01.11.2016, ÀS 19H05

Um homem charmoso, inteligente e que não é exatamente o que diz ser. Entre golpes e mentiras ele conquista mulheres, amigos e ganha a vida. Praticamente um Frank Abagnale Jr. (Prenda-me Se For Capaz) nascido no Brasil lá pelo final do século XIX. Conhecido como Dr. Antônio (Vladmir Brichta), este foi um criminoso real que saqueava hotéis de luxo usando diversas identidades. As histórias da época, publicadas em folhetim por João do Rio (heterônimo de Paulo Barreto), foram editadas pouco tempo depois no livro Memórias de um Rato de Hotel, e agora viram o filme Muitos Homens Num Só sob a direção da publicitária Mini Kerti (Contratempo).

Em seus golpes, o doutor conta com a ajuda de Velléz (César Troncos) e, enquanto executa um grande plano do amigo, ele conhece Eva (Alice Braga), esposa perspicaz de um homem de negócios. Como em tantos filmes de assalto americanos, o relacionamento dos dois faz com que o protagonista crie laços que podem atrapalhar o sucesso de seu crime. Simultaneamente, outra trama acontece na delegacia, onde Caio Blat interpreta Félix Pacheco, um delegado que é obcecado por encontrar um forma infalível de identificar as pessoas e assim eliminar o problema de falsas identidades. Blat faz dupla com Silvio Guindane, ator que vive uma espécie de jornalista alter-ego de João do Rio, com quem discute questões sociais, éticas e avanços tecnológicos das ciência forense.

Em seu primeiro filme 100% ficcional, Kerti chamou atenção no Cine-PE e levou 10 prêmios, incluindo direção, melhor filme, ator, atriz, direção de arte e trilha sonora. Não é à toa. Com cenários de época e usando pontos bastante conhecidos do Rio de Janeiro como locação, o longa desenvolve personagens profundos e, principalmente, fiéis a si mesmos. Em diversos momentos, o Dr. Antônio passa perto de escorregar para fora da essência do personagem, mas em todas essas vezes ele contorna a situação, fazendo do quase escorregão uma demonstração de equilíbrio e destreza. Braga e Brichta formam uma dupla impecável no desenvolvimento de personagens consistentes, cheias de defeitos e de passados que são revelados sutilmente.

Apesar de Muitos Homens Num Só ser um drama, as pequenas trapaças da primeira parte do filme, salpicadas com breves perseguições, criam um tom de aventura que dá dinâmica ao filme, sem torná-lo mirabolante. Kerti acompanha a história do anti-herói carismático e escorregadio mas não se limita ao esquema de filmes de golpe em que a trama busca prender o espectador pela sua suposta complexidade e por ligações inusitadas entre mais de uma dúzia de personagens improváveis. Muitos Homens Num Só se mantém sobre uma base simples, porém bastante sólida.

Sem arruinar a experiência de quem vai assistir ao longa sem saber o desfecho do livro, o final é uma grata surpresa que deixa lacunas na medida certa.

Nota do Crítico
Ótimo
Muitos Homens Num Só (2015)
Muitos Homens Num Só
Muitos Homens Num Só (2015)
Muitos Homens Num Só

Ano: 2014

País: Brasil

Classificação: 14 anos

Duração: 90 min

Direção: Mini Kerti

Roteiro: Leandro Assis, Nina Crintzs

Elenco: Vladmir Brichta, Alice Braga, Caio Blat, Alice Braga, Vladimir Brichta, Pedro Brício, Silvio Guindane

Onde assistir:
Oferecido por

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Ao continuar navegando, declaro que estou ciente e concordo com a nossa Política de Privacidade bem como manifesto o consentimento quanto ao fornecimento e tratamento dos dados e cookies para as finalidades ali constantes.