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Crítica

Crítica: Plastic City

Nelson Yu Lik-wai usa a Liberdade como cenário para uma história de confusas reviravoltas

21.01.2010, às 18H00.
Atualizada em 04.11.2016, ÀS 13H03

O bairro paulistano da Liberdade, reduto da cultura oriental na cidade de São Paulo, possui todos os elementos para um bom suspense noir: inferninhos iluminados por neon vermelho e som abafado, prostitutas de todas as raças prontas para ceder seu corpo e leões de chácara em cada esquina prostrados como grandes guardiões sem qualquer lei ou escrúpulo. Com esse cenário noturno pronto para ambientar produções audiovisuais com toques de policial e suspense, o diretor Nelson Yu Lik-wai tentou levar o público a embarcar em Plastic City (2008), uma co-produção Brasil/China/Japão que conta com uma trama cheia de metáforas, mas com buracos que põe a perder uma excelente idéia.

Nascido em Hong Kong, Yu Lik-wai desenvolveu a visão de uma Ásia ao mesmo tempo moderna e cheia de características de um cruel e violento submundo. E foi este o olhar usado nos mais de 15 filmes em que atuou como diretor de fotografia, como Plataforma (2000), O Mundo (2004) e Em Busca da Vida (2006), ora adquirindo um ar mais claro e leve e ora mais escuro e pesado, mas sempre com um oriente metaforizado por linguagens simbólicas. Assumindo também a direção em quatro longas, esse olhar do cineasta se acentuou nos limites de surrealismo, com os mais diversos elementos ilustrando e ornando as histórias a serem relatadas.

Plastic City

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O filme começa apresentando o criminoso Yuda (Anthony Wong Chau-Sang) que vive do contrabando e venda de mercadorias oriundas de China, Japão, Taiwan e outros países do Oriente. Aparentemente estamos diante de uma biografia não autorizada de Law Kin Chong, o já proclamado "Rei da 25 de Março", rua de comércio popular de São Paulo com o maior índice de produtos piratas por metro quadrado das Américas. Porém, esta linha narrativa é totalmente despistada no transcorrer das cenas e nos vemos diante de uma história que mistura iniciação yakuza, samurais urbanóides, periferias de grandes metrópoles, evangelismo e as mais diversas simbologias. As cenas entram e saem de foco, mas nunca com um objetivo claro, mais servindo de muleta ao olhos do que ajudando a contar uma história.

Sem ter quem o guie de forma sensata e coerente, o espectador se perde totalmente e uma boa premissa acaba se enfraquecendo. O argumento inicialmente interessante e passível de render um filme inesquecível é substituído por um ar artístico pedante demais fazendo com que o espectador se irrite com o filme ao invés de enaltecê-lo. Não só a narrativa é sucumbida por este erro, mas a linguagem cinematográfica da obra, que deveria ser surreal e moderna, peca em erros crassos, como a nítida e parca dublagem dos protagonistas quando falam em português. A conclusão depois de se ver Plastic City é a de que depois de tantas reviravoltas que não levam a lugar algum fica o desejo de que a Liberdade seja cenário de um longa mais promissor e valioso no futuro.

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Nota do Crítico
Regular
Plastic City - Cidade de Plástico
Dang kou
Plastic City - Cidade de Plástico
Dang kou

Ano: 2008

País: Brasil/China/Hong Kong/Japão

Classificação: 16 anos

Duração: 118 min

Direção: Nelson Yu Lik-wai

Roteiro: Fendou Liu

Elenco: Anthony Wong, Milhem Cortaz, Phellipe Haagensen

Onde assistir:
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