Filmes

Entrevista

Ave, César! | George Clooney fala sobre sua parceria com os irmãos Coen e é só elogios

"Tudo o que eles me mandam eu faço sem pensar muito", disse o ator

11.02.2016, às 15H58.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Recebido por aplausos moderados depois de uma projeção com gargalhadas esparsas, uma aqui, outra acola, Ave, César! (Hail, Caesar!), dos irmãos Joel e Ethan Coen, trouxe leveza e descontração para a abertura do 66° Festival de Berlim, na manhã desta quinta-feira, graças em especial ao desempenho de George Clooney dentro e fora das telas. Hilário em cena, no papel do canastrão Baird Whitlock, o galã de 54 anos injetou molecagem a mais no (notorio) jeitão de deboche com que qualquer coletiva de um longa-metragem dos Coen costuma ser conduzido. Mas no abre-alas da Berlinale 2016, o bom humor do astro foi mais do que indispensável, sobretudo diante de perguntas em tom de cobrança por parte da imprensa acerca de como os atores de Hollywood deveriam agir diante do sofrimento de refugiados, em especial os trinta mil sírios atualmente acampados na fronteira da Turquia.

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"Eu vou a lugares perigosos do mundo todo ao longo do ano e planejo já viajar amanhã para ver a situação destes refugiados. Mas, antes de apontar o dedo e cobrar uma atitude de nós, pessoas públicas, gostaria de saber o que você faz para a ajudar num caso desses", bradou o ator, peitando uma jornalista mexicana que lhe cobrava uma intervenção. "Estamos vivendo um período conturbado na política do meu país e, talvez, por isso, tenhamos olhado menos para o resto do mundo recentemente".

Foi o único momento, ao longo de uma hora de bate bola com a imprensa estrangeira, no qual Clooney ficou a um passo de perder a calma, porque, fora isso, o resto foi festa, como prova sua resposta a uma pergunta do Omelete sobre a influência dos Coen em sua carreira: "Tudo o que eles me mandam eu faço sem pensar muito. Mas acho estranho que, algumas vezes, chegam personagens como o de Queime Depois de Ler, que fizemos juntos, no qual eu sou um retardado. Eles me ligam e dizem: 'A gente escreveu esse papel pensando em você'. Oi?", brincou o astro, cujo carisma ajudou Ave, César! arrecadar cerca de US$ 13 milhões em sua estreia nos EUA, no fim de semana passado. "Quer saber da verdade? Estes dois, os Coen, não são irmãos: eles são mesmo primos".

Prevista para chegar ao Brasil em 7 de abril, a produção de US$ 22 milhões recria a Hollywood dos anos 1950 a partir das desventuras de um executivo de estúdio, Eddie Mannix (Josh Brolin), para manter suas estrelas no limite da sanidade. Baird Whitlock, uma espécie de Charlton Heston abobalhado vivido por Clooney, goza da fama de ser o mais reluzente dos corpos celestes sob o comando de Mannix. Mas, depois que ele acaba sendo raptado por um bando de comunistas, os rumos de uma superprodução bíblica sobre o Império Romano saem do controle. Isso sem contar outros egos que Mannix precisa domar, como o da diva DeeAnna Moran (Scarlett Johansson) e o diretor Laurence Laurentez (Ralph Fiennes, numa participação impagável). O desenho abilolado que Clooney construiu para a figura de Whitlock ajuda a expor a fogueira de vaidades nos bastidores do cinema.

"Eu tenho trabalhado com diretores autorais muito instigantes nos últimos anos, como Alexander Payne e Steven Soderbergh", disse Clooney. "Os Coen são parte desse grupo de criadores. O que existe de diferente neles é que eles são dois, logo a diversão acontece em dose dupla".

Nesta sexta, a Berlinale exibe Heidi, do tunisiano Mohamed Ben Attia, abrindo a disputa pelo Urso de Ouro, cujos ganhadores serão conhecidos no dia 22 de fevereiro, no desfecho do festival.

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