Filmes

Entrevista

"Bem Casados quebra estereótipo do machão", diz Alexandre Borges

Comédia romântica chega aos cinemas em dezembro

30.11.2015, às 11H14.
Atualizada em 11.01.2017, ÀS 21H02

Recém-saído do abraço caloroso da massa telespectadora que aclamou Juju, seu personagem em I Love ParaisópolisAlexandre Borges encara agora o desafio de mostrar que heróis românticos ainda são possíveis (e populares) na seara blockbuster das comédias nacionais à frente de Bem Casados. Com sua estreia prevista para 3 de dezembro, a produção dirigida por Aluízio Abranches chega ao circuito com a fama de ser um exemplar mais requintado (na fotografia, na montagem e, sobretudo, no apuro nos diálogos) do gênero. No papel de Heitor, solteirão especializado em documentar festas de casamento cujo coração vai bater mais forte ao conhecer Penélope (Camila Morgado), Borges retorna à condição de protagonista na tela grande quase dez anos depois de O Gatão de Meia Idade (2006), figura síntese do amor à brasileira.

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Ser ator significa ser uma espécie de laboratório de si mesmo e, nesse aspecto, fazer cinema é bom quando há o desafio de não repetir o que já vem sendo feito na TV, e isso é uma coisa que o trabalho com o Aluizio me garante”, diz o ator, que ganhou notoriedade nacional há exatos 20 anos, quando participou da minissérie da Globo Engraçadinha... Seus Amores e Seus Pecados (1995). “Com Bem Casados, eu tenho a chance de fazer uma comédia adulta, preocupada com a forma”.

Na trama do longa de Abranches, a rotina de trabalho de Heitor (Borges) é rompida pela chegada de Penélope (Morgado), cuja meta é destruir o casamento do homem que partiu sua fé no amor. Enquanto os dois se aproximam, com interesses distintos, eles vão viver uma trajetória cercada de risos e suspiros no esforço de testar a cartilha dos romances cômicos no Brasil, onde a comédia pende mais para tramas voltadas para costumes morais.

“Criar um herói romântico é uma tentativa de levar fragilidades a um personagem às voltas com a força do amor”, diz Borges. “De uma certa forma, neste filme faço o retrato de um homem que está chegando aos 50 anos, uma idade na qual começa a se sentir a velhice chegando, com o peso das responsabilidade cada vez mais forte ao redor. Mais do que isso, há a oportunidade de se quebrar o estereótipo do machão”.

Preparado para voltar aos palcos, com a montagem de Poema Bar nos dias 3, 4 e 5 de dezembro no Teatro Glauce Rocha, no Rio de Janeiro, Borges tem uma parceria de longa data com Abranches nos cinemas. Nos cinemas, os dois fizeram polêmica nos anos 1990 com a adaptação do livro Um Copo de Cólera, de Raduan Nassar, numa versão regada a sexo, com cenas caudalosas protagonizadas pelo ator e sua então mulher, Julia Lemmertz. Voltaram a trabalhar juntos no thriller As Três Marias, que começou sua carreira pelo Festival de Berlim de 2002.

Admiro muito o empenho dos cineastas mais autorais brasileiros que, muitas vezes, dedicam anos de trabalho a um mesmo filme. É uma devoção grande a um sonho artístico. E o Aluízio é um desses artistas. Filmar com ele me vincula afetivamente à realização de seus sonhos”, diz o ator, que emocionou o país como o Juju da última novela das sete, I Love Paraisópolis, celebrizando a imagem do pai modelo capaz de amar a filha adotiva e a filha biológica em igual medida. “Sou filho de pais separados, crescido durante os anos da ditadura militar brasileira, que vivenciou transformações diversas neste país, da abertura política à chegada das redes sociais. Eu vi e vivi muita coisa o que ma dá um interesse ainda maior de entender essa geração a que pertenço. Uma geração na casa dos 50, que tem filhos e vê o amor de novas maneiras. Sou pai de um menino de 15 anos. E ser pai é uma experiência visceral de emoção, marcada por muita angústia, mas também por muita alegria. Tentei levar esses sentimentos ao ar em Paraisópolis, assim como tento agora, no cinema, transmitir experiências pelas quais já passei”. 

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