Exemplo mais bem-sucedido de artista brasileiro tipo exportação, com uma trajetória de blockbusters e de filmes de prestígio em Hollywood, Rodrigo Santoro volta às telenovelas brasileiras no próximo dia 14, à frente de Velho Chico, o novo folhetim das 21h da Rede Globo, encerrando um hiato de 13 anos de ausência do formato que o revelou na década de 1990. Sua última novela foi Mulheres Apaixonadas, em 2003. Aos 40 anos, o galã retoma sua parceria com o diretor Luiz Fernando Carvalho, com quem rodou Hoje É Dia de Maria, partes I e II, em 2005, assumindo um dos papéis centrais da trama da grife Benedito Ruy Barbosa. Ele vive Afrânio, coronel em formação que, após concluir sua formação universitária, terá de submeter à faculdade da vida no campo, às margens do São Francisco, o rio da integração nacional. Em entrevista ao Omelete, o ator, celebrizado nos EUA como o imperador Xerxes da franquia 300, fala sobre esse reencontro com a teledramaturgia nacional, dá detalhes de sua participação em Westworld, da HBO, e fala da responsabilidade de viver o filho do Homem, a.k.a. Jesus Cristo, em Ben-Hur, na versão de Timur Bekmambetov, que estreia em agosto.
O que simboliza para você este mergulho no Brasil profundo, sob a mítica de um rio famoso por representar “a integração nacional”, dirigido pelas mãos de um mestre como Luiz Fernando Carvalho?
Rodrigo Santoro - Esse trabalho para mim, mais do que um retorno, é um reencontro com a História do nosso país e com as minhas raízes. Luiz é um parceiro antigo e um artista genial. Fizemos um mergulho profundo no coração do Nordeste e tive a oportunidade de conhecer as entrelinhas do Sertão. Foi uma experiência absolutamente inesquecível. Velho Chico trabalha com arquétipos poderosos, narra uma grande história de amor proibido, e lida com estruturas arcaicas como o Coronelismo. Também é uma declaração de amor ao Rio São Francisco, a todos os rios, à Natureza, ao Brasil. É importante dizer também que na história da novela temos estruturas clássicas, e personagens como os de Shakespeare em Romeu e Julieta, Hamlet, Macbeth...
O que a gente poderia saber sobre seu personagem, no rol grandes coronéis e heróis rurais de Benedito Ruy Barbosa e seu clã?
Santoro - Afrânio, no começo da história, é um jovem muito rico, recém-formado em Direito, que tem seus sonhos e desejos. Ele leva uma vida de luxo na capital. Com a morte inesperada do pai, ele se vê obrigado a abrir mão de seus sonhos para assumir o legado da família. A partir daí, Afrânio viverá muitos conflitos, emoções fortes, e irá se transformando aos poucos em um grande coronel. Mas um coronel, diferente dos que estamos acostumados a ver, pois ele será o resultado da soma de um homem da capital, letrado, explosivo, com todos os elementos rurais.
O que a telenovela representou no início da sua carreira e o que representa agora?
Santoro - Foi onde comecei. Foi onde me descobri como ator, onde exercitei meu instrumento e onde comecei a formar minhas percepções sobre esta arte. Tenho muito respeito e carinho pela teledramaturgia. Por isso, eu resolvi voltar. E mesmo depois de tanto tempo, posso te garantir que me senti desafiado do primeiro dia de gravação ao último. Fazer novela é um grande exercício para o ator. São 20 cenas por dia! Você tem estar muito afiado e encontrar soluções instantâneas o tempo todo.
Como fica a sua carreira no cinema com este pouso na teledramaturgia? O que você tem na manga para o cinema em 2016, lá fora e aqui?
Santoro - Tenho dois filmes para estrear no cinema este ano: Jane Got a Gun, com Natalie Portman e Ewan McGregor, e a nova versão de Ben-Hur, no qual fui incumbido com a simples missão de interpretar Jesus Cristo. Rs...
Voltando à TV, que tal tem sido a experiência Westworld, na HBO?
Santoro - Ainda estou filmando Westworld. Volto agora assim que terminar a novela para concluir os últimos episódios e o gran finale da temporada. O que posso te dizer é que tem sido uma experiência sensacional. Adoro o personagem que estou fazendo. É cheia de possibilidades. Nas séries, os personagens vão se revelando e se desenvolvendo aos poucos, então estou sempre descobrindo algo novo. Além disso, estou tendo a oportunidade de trabalhar com um timaço de atores, como Anthony Hopkins e Ed Harris. Os criadores, Jonathan Nolan e JJ Abrams, são muito talentosos e seus textos são de altíssimo nível.