O austríaco Christoph Waltz não é novato. Mas com exceção de quem acompanha os programas de TV da Alemanha, eu diria que as chances de alguém conhecê-lo eram minúsculas. Até agora. Depois de roubar a cena em Bastardos Inglórios, Waltz já arranjou até um novo trabalho em Hollywood, na adaptação aos cinemas da antiga série de TV Besouro Verde. Tarantino e Michel Gondry na sequência? Nada mal, hein?
Na entrevista abaixo, o nosso correspondente em Los Angeles, Steve Weintraub, do Collider.com, conversa com Waltz sobre o que diferencia Tarantino dos outros, como foi fazer um filme rodado na ordem em que a história vai ser contada e da ideia de ter uma adaptação do filme para os palcos. Assista ao vídeo abaixo ou na Galeria de Vídeos (requer Quicktime). Ou, se preferir, leia a transcrição feita pela Carina Toledo:
Omelete: Como você está hoje?
Christoph Waltz: Nada mal, nada mal... e você?
Eu estou excelente. E então, hoje está sendo um dia difícil pra você? Todo mundo com quem eu conversei lá fora está babando na sua performance...
Ah, mas quão difícil isso poderia ser? Desculpa, hein?
Você está se sentindo amado ficando aqui o dia inteiro?
Sim, sim, eu senti. É inacreditável, é de dar um nó na cabeça de inacreditável.
Quando você foi fazer o teste para esse papel você pensou que se tornaria isso...
Ah, para! Como eu poderia saber isso? Como eu poderia sequer ter essa ideia? Não, eu não fazia ideia. Eu estava feliz de ir ao teste, porque é o Quentin e ainda com esse grande papel. Só isso já era suficiente naquele momento.
E como foi a experiência? Você já trabalhou em muitos projetos antes... como foi trabalhar neste projeto, o que foi tão especial em trabalhar com Quentin?
Você está perguntando isso seriamente?
O que eu quero saber é o que faz dele um diretor tão bom, o que você sentiu no set?
Ele escreve seu próprio material, então ele segue uma visão, do pensamento inicial até o fim do filme. Isso já é fantástico, sabe? Ele não tem ninguém interferindo naquilo que ele quer fazer. Por isso, há'todo um fluxo de energia e consciência e percepção do seu plano e visão que já o distingue. Ele não tem interferências de outras opiniões, ele se segura com suas "armas". E com essa energia que ele tem - tenho certeza que você já conversou com ele - você começa levando porrada desde o início. Ele é um tsunami. E, é claro, participando do processo deste filme você fica exposto a isso, todos os dias, por muitas horas. É como se tivesse colocado seu dedo numa tomada e você ficasse ligadaço.
Agora eu tenho uma curiosidade: esse filme foi rodado em ordem, ou quase todo em ordem...
Os capítulos foram filmados em ordem, mas dentro dos capítulos nós variamos. Você sabe que é realmente muito difícil fazer um filme inteiro na ordem correta. Mas os capítulos foram em ordem. Começamos com o 1, fomos para o 2, 3, 4 e 5.
Eu soube que foi muito interessante, que vocês tiveram um ótimo processo de ensaios, onde realmente trabalharam a maior parte das coisas. Como ator, isso foi algo que, você sentiu que isso realmente beneficiou a sua performance?
Sabe, eu fiz muito teatro, então, isso é muito parte do que eu faço. Essa experiência teatral ajudou com o jeito de trabalhar do Quentin porque, você deve ter notado, a primeira cena é como uma peça de um ato só. E ela não é nada curta. E o jeito que ela é encenada é quase teatral, mas o jeito que foi visualizado é cinematográfico. Seria interessante ver aquilo num palco alguma dia. Tenho certeza que vai acabar acontecendo, mais cedo ou mais tarde.
Eu tenho que encerrar aqui, mas eu queria saber o que você tem pela frente, se é que eu posso perguntar isso.
Bom, você pode perguntar, mas eu não vou te contar, porque nós estamos num estágio muito delicado, tendo que decidir entre várias opções.
Ok, eu entendo. Muito obrigado e parabéns pela sua performance.
Muito obrigado.
