Filmes

Entrevista

Porta dos Fundos: Contrato Vitalício | "É um filme para zoar o mundo do snapchat e rir de nós mesmos", diz Gregório Duvivier

Em entrevista ao Omelete, o ator fala de esperanças políticas e da tiração de sarro com celebridades da internet

27.06.2016, às 23H26.
Atualizada em 05.11.2016, ÀS 12H03

Barbudo, míope e maltrapilho no papel de um cineasta louco metido a Stanley Kubrick em Contrato Vitalício, que estreia nesta quinta-feira, Gregório Duviver é o motor de arranque do primeiro longa-metragem do coletivo Porta dos Fundos, cujo lançamento vem sendo encarado pelo mercado exibidor como uma promessa de bilheterias altas para o cinema brasileiro. Encarado como um dos pilares de renovação do novo humor nacional, o ator carioca de 30 anos abre o verbo sobre política, tabus do riso, comédia na internet e sobre a expectativa em torno do filme, dirigido por Ian SBF, na entrevista a seguir ao Omelete.

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Que tipo de humor vocês criam em Contrato Vitalício com essa mistura - rara na comédia nacional - de caracterização, stand up, filosofia e crônica de costumes?

Gregório Duvivier: Este filme é uma mistureba mesmo. É uma mistura de filme sobre cinema, gênero que adoro, tipo Trovão Tropical, do Ben Stiller, ou Noite Americana, de François Truffaut, com o nosso humor ácido, voltado sobretudo ao mundo das celebridades. Tem o nosso ritmo, mas numa história de uma hora e 30 minutos, o que, para nós, é um salto. A tentativa é levar nosso humor para um formato longo. 

Que tabus o Porta dos Fundos quebrou depois de cinco anos de boca a boca risonho?

Gregório: No Porta..., o que mais seduziu a gente sempre foi o tabu, o proibido. A gente fez o Porta... na internet justamente para poder realizar, lá, o que não podia ser feito na televisão. No cinema, temos a mesma liberdade. Lá, basicamente, a gente ri de nós mesmos. É um filme para se zoar... para zoar desse mundo de celebridade da internet, de snapchat. É um filme autoirônico.

Seu contrato com a ironia parece vitalício. Mas e seu contrato de esperança com a política brasileira? Este vai até quando? Há fé?

Gregório: Quanto à política institucional, eu não acredito muito nela não. Mas, na política que está se fazendo nas ruas, nas escolas ocupadas, na ocupação do MinC (o Ministério da Cultura) e do SUS... nela, eu tenho plena fé. É na ação direta que a gente faz a Democracia acontecer. Tenho muita fé na juventude, nos movimentos sociais e na luta pela Democracia. Este governo ilegítimo há de cair pela pressão popular. Já está caindo... E torço diariamente para que ele caia. Não adianta nada o Ministério da Cultura batalhar por qualquer coisa que não seja a Democracia. Primeiro deve vir a Democracia... depois, o resto. Enquanto não tivermos um presidente legitimamente eleito, o Brasil vai encher o saco mesmo. 

O que o cinema representa hj nessa sua trajetória de criação artística?

Gregório: O cinema é um lugar onde eu tenho a sorte de passar 12 horas por dia ao lado dos meus amigos. É um lugar onde se chega às 5h e se sai às 19h criando uma nova família para deixar um resultado que dura para sempre. As coisas que eu fiz no cinema são as mais duradouras. Até hoje tem gente por aí baixando Apenas o Fim, que fiz em 2008, ou comprando Vai Que Dá Certo no pirata ou vendo ele no Telecine, assim como o Não Se Preocupe... Nada Vai Dar Certo, que fiz em 2011. Cada um tem um público. O cinema tem uma vida própria e parece que vai trabalhando por você.

 

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