Filmes

Entrevista

Steve Jobs | Michael Fassbender lia roteiro de Aaron Sorkin 3 vezes por dia

Ator diz que script foi o grande responsável por dar vida ao seu retrato do fundador da Apple

15.01.2016, às 17H29.
Atualizada em 12.11.2016, ÀS 03H07

É sempre engraçado rever Band of Brothers (2001) ou 300 (2006) e encontrar por lá quem antes passara despercebido. Foi em papéis pequenos, de passo em passo, que Michael Fassbender foi construindo a sua carreira, com seu nome ganhando peso após suas atuações em Fome (2008), Bastardos Inglórios (2009) e Aquário (2009) serem elogiadas por público e crítica.

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Aos 31 anos foi que o ator alemão de mãe irlandesa abriu a porta para se tornar um dos grandes nomes do cinema, disputando filmes cobiçados por veteranos como Christian Bale e Leonardo DiCaprio. Os dois atores inclusive estiveram ligados ao papel de Steve Jobs, responsável pela sua segunda indicação ao Oscar aos 39  (a primeira  indicação veio como Ator Coadjuvante em 12 Anos de Escravidão). “Até eu acho Christian Bale perfeito para este papel. Não entendia por que ele não estava fazendo. Eu liguei para ele e falei isso! [risos]”, brincou o ator em conversa com o Omelete.

Segundo Fassbender, que recebeu o roteiro quando estava de férias, surfando, foi preciso um tempo até que ele se sentisse confortável na sua representação sabendo que não era nem um pouco parecido com o verdadeiro Steve Jobs. “Quando conversei com Danny [Boyle, o diretor]  ele me disse que não era semelhança o que estava procurando. Poderíamos ter usado prostéticos e tal, mas acho que as pessoas aceitam quando você não tenta enganá-los. E logo no começo você já vê que eu não tenho nada a ver com ele, tira isso da frente e vai curtir o filme. Nós acreditamos nisso. Foi lá pelo meio do segundo ato que eu virei para Danny e disse que estava mais confortável com tudo isso e queria tentar o visual mais icônico na terceira parte. Resolvi colocar uma peruca e uma blusa de gola alta para ver como ficaria. Não vou dizer que ficou igual, mas você consegue ver alguma semelhança. Às vezes penso que as pessoas se preocupam tanto com isso que acaba se tornando mais importante que a história. Com os ensaios, aprendi a me mover como ele, falar como ele”.

O roteiro de Aaron Sorkin, esnobado pelo Oscar mas classificado por Fassbender como um Shakespeare moderno, seria o responsável por dar vida a essa versão de Jobs. “Com a cadência e o ritmo, a personalidade vai brotando em você. Tudo o que eu posso dizer é que eu me sentava lá e li o roteiro de novo e de novo. Eu vivo e respiro aquilo. Eu gosto desta repetição. Penso em um músico, por exemplo, que toca a mesma música todo dia várias vezes. É a forma como eu vejo a atuação, incluindo a possibilidade de deixar o jazz acontecer ao vivo”, conta o ator, que leu e releu o script várias vezes para encarar os diálogos de até 9 minutos ininterruptos, “eram 180 a 200 páginas. Demorava cerca de 2 horas para ler tudo e tentava fazer isso umas três vezes por dia”. O restante da preparação, revela, foi feita com vídeos do YouTube, “ fossem seminários, discursos ou apresentações”.

O objetivo era retratar o fundador da Apple da forma mais humana possível: “Ele foi um cara que mudou a forma como vivemos nossas vidas em níveis muito diferentes. Era este cara que eu estava tentando personificar. O lado bom e o ruim vêm junto”, explicou. “O que me interessou no projeto era a trajetória, os sucessos e derrotas. Eu geralmente não gosto muito de cinebiografias, mas o que achei interessante aqui era o fato do filme ser todo ambientado nos bastidores antes de lançamentos gigantescos. Foram momentos que marcaram e formaram a vida dele”.

Assim, com uma indicação ao Oscar de Melhor Ator (que neste ano finalmente tem DiCaprio como favorito), Michael Fassbender crava de vez seu nome entre os grandes, em uma carreira equilibrada entre filmes independentes e grandes lançamentos, com o ator se preparando para rodar Alien: Covenant (a continuação de Ridley Scott para Prometheus) no mesmo ano em que retorna como Magneto em X-Men: Apocalipse e investe na própria franquia ao estrelar e produzir a adaptação aos cinemas do game Assassin's Creed. “Gosto da provocação. Acho que nós, seres humanos, somos complicados. Não somos brancos ou pretos. Há muitos tons de cinza no meio. E estes personagens são os que me atraem mais”.

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