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Crítica

Lugar Nenhum na África | Crítica

<i>Lugar nenhum na África</i>

27.11.2003, às 00H00.
Atualizada em 13.11.2016, ÀS 21H05

Lugar nenhum na África
Nirgendwo in Afrika

Alemanha, 2001
Drama - 141 min.

Direção: Caroline Link
Roteiro: Caroline Link, Stefanie Zweig

Elenco: Juliane Köhler, Merab Ninidze, Sidede Onyulo, Matthias Habich, Lea Kurka, Karoline Eckertz, Gerd Heinz, Hildegard Schmahl

Em 1999, praguejamos invejosamente contra Roberto Benigni e seu A Vida é bela (La Vita è bella) por terem roubado o Oscar de Central do Brasil. A cena se repetiu no início deste ano, quando Cidade de Deus (de Fernando Meirelles e Katia Lund) ficou de fora dos cinco indicados ao prêmio de melhor filme estrangeiro. Mas quando o ganhador foi anunciado, ficou difícil difamar a diretora alemã Caroline Link. Isso porque ela levou às telas Lugar Nenhum na África (Nirgendwo in Afrika, Alemanha, 2001), um filme baseado na autobiografia de Stefanie Zweig, que fala de diferenças, mudanças, readaptações e dor. Mas trata tudo isso com uma ternura e uma crueza que escaparam ao italiano.

Pouco antes da Segunda Guerra Mundial estourar, em 1938, restavam poucos lugares para os quais os judeus da Alemanha poderiam fugir. As portas no hemisfério norte já estavam fechadas. Percebendo a ameaça iminente, o advogado Walter Redlich (Merab Ninidze) decidiu ir para o Quênia, então colônia inglesa. Para muitos, a idéia parecia um disparate. Até mesmo sua mulher, Jettel (Juliane Köhler), era reticente, já que não queria deixar seus parentes para trás. Quando conseguiu se estabelecer em um emprego - capataz de uma pequena fazenda -, Redlich pediu a Jettel que ela e Regina (Karoline Eckertz e Lea Kurka), a filha de cinco anos do casal, se mudassem pra lá.

Uma aparentemente interminável viagem separa ambas da confortável casa, com louças importadas, da casa de madeira no meio de uma empoeirada savana queniana. Mas separa também o clima sombrio de uma sociedade à beira do Holocausto de outro completamente diferente - acolhedor, permeado de crenças e sorrisos puros.

A extraordinária mudança provoca reações diferentes na família. A filha parece tentar entender, munida de toda a curiosidade infantil, o que é aquele lugar e acaba até por encontrar um amigo, o cozinheiro da casa Owuor (Sidede Onyulo). Já a mãe não se conforma, sente medo, chora. O pai quer vê-las felizes. E é nessa relação familiar, em meio a animais e tambores africanos, que boa parte do filme se concentra. Jettel precisa aprender a lidar com a idéia de que a situação de seu país se dengrigolara a tal ponto que um possível retorno estava cada vez mais distante. E aprender a lidar com sua nova realidade, seu novo papel dentro daquela cultura e, principalmente, dentro da própria família.

Lugar Nenhum na África cativa ora pelo enredo surpreendente, ora pelas belas atuações, ora pelas belíssimas paisagens. A decisão da diretora em gravar no Quênia e não na África do Sul - o que tornaria as filmagens mais simples, foi extremamente acertada. Deu autenticidade ao filme, especialmente em cenas de festejos típicos, como a cerimônia noturna em que cerca de 400 Pokots, membros de uma das tribos nômades do país, dançam tradicionalmente vestidos e, de quebra, participam como extras em um dos filmes que melhor retrata o choque de culturas, seja ele entre judeus e arianos, negros e brancos, colonos e colonizadores.

Nota do Crítico
Excelente!
Lugar Nenhum na África
Nowhere in Africa / Nirgendwo in Afrika
Lugar Nenhum na África
Nowhere in Africa / Nirgendwo in Afrika

Ano: 2001

País: Alemanha

Classificação: LIVRE

Duração: 140 min

Onde assistir:
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