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As Aventuras de Azur e Asmar

As Aventuras de Azur e Asmar

18.01.2007, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H21

A seqüência inicial de As aventuras de Azur e Asmar (Azur et Asmar, 2006) diz quase tudo que é preciso saber sobre o filme. A animação abre com Jenane, uma babá de traços islâmicos, com duas crianças no colo. Uma tem a mesma cor de sua pele, a outra é loira. Lentamente, enquanto canta uma bela canção - repetida pelos infantes - ela leva um, depois o outro, ao peito, amamentando-os.

A cena diz muito porque imediatamente nos remove de anos e anos de convenções e hipocrisias. O trecho é de uma pureza imensa, mas jamais seria mostrada num filme infantil pelos histéricos estadunidenses, maiores produtores mundiais - e consumidores - de animações longa-metragem. Dá pra imaginar um seio num filme da Disney? Ou da Dreamworks? Ou de qualquer estúdio por lá? Lembre-se que o busto mais cheinho de uma sereia foi motivo de alteração no curta-metragem Knick Knack, por exemplo.

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Com esse momento singelo, o francês Michel Ocelot segue sua brilhante carreira, que já nos deu Príncipes e princesas (2000) e Kirikou e a feiticeira (1998). O estilo gráfico da novidade segue pelos caminhos inusitados das obras anteriores, uma rica mistura de computação gráfica elaborada com cores fortes e chapadas, repleta de detalhes refinados e design equilibrado e simétrico. O resultado é vibrante e muito agradável, depois de passada a estranheza da "descompressão" mental dos primeiros segundos.

A história trata de tolerância, amor e determinação. Nela, duas crianças - Azur e Asmar - são criadas pela mesma mulher. Mas apenas Asmar é filho de Jenane, que serve como ama-de-leite do jovem nobre Azur. Mas quando Jenane é expulsa, essa família é brutalmente separada. Sozinho, Azur cresce em meio à nobreza, mas jamais esquece as fantásticas histórias da babá - especialmente a lenda da Fada dos Djins - e quando atinge certa idade, decide cruzar o mundo para encontrá-la.

Ocelot criou o visual, dirigiu e escreveu o roteiro do filme, além de ter sido extremamente feliz também na escolha de sua equipe, especialmente o elenco de vozes. A onipresente palestina Hiam Abbass (Munique, Paradise Now) e o sensacional Patrick Timsit, que faz a voz do mendigo Crapoux, destacam-se com um trabalho brilhante, que dá realmente vida a seus personagens.

A aventura perde fôlego no final, um tanto convencional e previsível, mas destaca-se com louvor do resto da homogênea produção que toda semana chega às nossas telas.

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