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As Bonecas Safadas de Dasepo - Festival do Rio 2007

Adaptação da história em quadrinhos de internet mistura Porky´s com A Garota de Rosa Shocking

25.09.2007, às 22H00.
Atualizada em 09.11.2016, ÀS 02H03

Nos últimos anos o cinema sul-coreano vem ganhando destaque no cenário internacional com produções de gêneros diversos, com grandes cineastas como Park Chan-wook (Oldboy) e Kim ki-Duk (A Casa Vazia). Agora, As Bonecas Safadas de Dasepo (Dasepo Sonyeo, 2006) deve entrar para a lista das produções cultuadas do país.

O filme é uma comedia anárquica, melodramática e surreal, que aposta seu humor em situações de sexo. Uma inusitada combinação de Porky´s com A Garota de Rosa Shocking com uma seqüência inicial antológica, que não deve demorar para que seja copiada por alguma produção ocidental.

Na história conhecemos o colégio Museulmo. O estabelecimento é marcado pela total liberdade sexual, onde todos buscam formas de obter prazer, inclusive o diretor, que forma com o vice um casal sado-masoquista. No entanto, mesmo numa instituição tão livre, existem os que fogem da "tradição", como a excluída Poverty Girl, que sustenta sua família prostituindo-se com homens mais velhos, e Cyclops, o único virgem da escola. Há também o belo Anthony, por quem Poverty Girl se apaixona, mas ele só tem olhos para Double Eyes, que ele acredita ser uma menina. As cenas envolvendo as dúvidas de Anthony são hilárias.

Junto com esses personagens surge uma dezena de outras figuras engraçadíssimas, mas explicar seus papéis dentro da trama estragaria as piadas. O diferencial desta para as comédias norte-americanas é a ausência de seqüências escatológicas ou contendo nudez - por mais estranho que isso possa parecer dentro da trama. Outro fator interessante é a não exploração gratuita do erotismo feminino. Todas as opções sexuais têm participação equilibrada. As seqüências mais divertidas envolvem situações estapafúrdias, mas cotidianas, justamente apimentadas pela diversidade sexual.

O roteiro, baseado na história em quadrinhos para a Internet Dasepo, ainda flerta com números musicais em que o espectador pode acompanhar as letras das canções como estivessem participando de um karaokê. O diretor Lee Jae-Yong dosa bem esses momentos com cenas melodramáticas e o elenco está afiado com as idéias estranhas dele, com destaque para Kim Oak-Bin em uma interpretação engraçada e sentimental.

A mensagem por trás do humor reside na tolerância e faz ao mesmo tempo uma crítica à sociedade sul-coreana. Além de fazer rir, Jae-Yong apresenta um painel divertido de como aceitar as diferenças, sejam elas sociais, intelectuais ou sexuais. Com isso a produção dialoga com todos os tipos de público. Interessante que a casualidade aliada à bizarrice resulta em um conforto necessário para que o espectador possa apreciar sem pecados uma comédia politicamente incorreta.

O filme apresenta uma queda na terceira parte quando investe nas tradições orientais e perde o ritmo. O tom farsesco é substituído por uma necessidade de que todos os elementos apresentados tenham uma conclusão. Com isso a narrativa se alonga e a trama dura quase duas horas. Uma meia-hora a menos traria mais benefícios à obra. Mas nem esse deslize prejudica essa divertida experiência.

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