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Chatô – O Rei do Brasil | Guilherme Fontes fala sobre as polêmicas envolvendo o filme

"Perdi um tempinho com esse bafafá, mas estou muito realizado e com vontade de continuar"

07.11.2015, às 12H41.
Atualizada em 07.11.2016, ÀS 14H05

Um dos filmes esperados de toda a História do cinema brasileiro, desde que suas filmagens começaram, em fevereiro de 1999, Chatô – O Rei do Brasil, de Guilherme Fontes, enfim tem data assegurada para estrear: dia 19 de novembro, com lançamento garantido por uma distribuidora criada pelo próprio ator e diretor, a Milocos Entretenimento. Em função de todas as travas burocráticas, polêmicas e acusações enfrentadas pelo projeto – centrado na vida e no legado do magnata da mídia Assis Chateaubriand (1892-1968) -, Fontes viveu bastidores que renderiam um filme à parte. Mas não são as entrelinhas dessa saga audiovisual que interessam agora e sim o périplo que o cineasta nascido em Petrópolis (RJ) há 48 anos empreenderá nas próximas semanas para fazer chegar às telas o épico protagonizado por Marco Ricca, com base no best-seller homônimo do jornalista Fernando Morais. O longa entra em cartaz no momento em que Fontes comemora 30 anos de dedicação à arte cinematográfica: em 1985, ele despontou nos sets com A Cor do seu Destino. Mas nem todo o seu histórico o preparou para a aventura que viveu nas últimas duas décadas, marcada por batalhas contra o Tribunal de Contas da União e repercussões na mídia. Em entrevista ao Omelete, Fontes conta o saldo que ficou dessa peleja, explicando como será lançado seu Chatô.

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Por que Chatô levou tanto tempo para estrear?
GUILHERME FONTES Porque eu sou uma pessoa simples e eu não tinha dinheiro. A gente começou do zero, sem nada, mas alcançamos objetivos muito rapidamente. E as consequências de alcançar objetivos rapidamente nem sempre são as melhores. A gente tinha 80% da captação concluída quando veio a avalanche em cima da gente. Um maremoto de suspeitas, de dúvidas, de mentiras. Levei três anos para captar 80% e 15 anos para captar os 20% que faltavam.

De que maneira você prepara o lançamento de Chatô frente a toda a expectativa e toda a polêmica?
FONTES - Durante o inicio do filme, rapidamente, o espectador vai ser surpreendido com uma produção de alta qualidade, com um elenco de atores e uma equipe de técnicos de alto nível. É um épico com um roteiro dinâmico e coerente, numa história fascinante de um personagem extraordinário. É um filme moderno com uma temática absolutamente atual.  

Mas com quantas cópias você lança o filme e em que praças? 
FONTES – Nós vamos fazer um total de 150 cópias em DCP [Digital Cinema Package, uma tecnologia de projeção] e vamos começar por Rio e São Paulo, depois Brasília, Belo Horizonte, Salvador, Recife, João Pessoa e o resto do Nordeste e Norte, depois o Sul. O Brasil é grande, grande. Tem ainda todo o interior de São Paulo para eu conhecer. Há cidades pequeninas do interior com uma ou duas salas de cinema de qualidade. E eu estou com vontade de viajar tudo. Chatô vai ter um lançamento grande para mim, pequeno se comparado com as estreias atuais, de 600, 700 cópias.   

O que a figura seminal de um comunicador como Assis Chateaubriand pode representar para a nova geração de blogs, twitters e afins? Como é ter Marco Ricca nesse papel?
FONTES - O livro que inspirou o filme, escrito pelo Fernando Morais, já é obrigatório pra estudantes de comunicação. Quem quer aprender a polemizar - coisa básica pra  blogueiro em busca de sucesso - tem que entender e conhecer quem foi Assis Chateaubriand. Todo espectador que assiste ao filme diz que ficou com vontade de ler o livro. E quem leu o livro e viu o filme diz que eu consegui transformar um livro sóbrio num filme leve e divertido, sem nunca deixar de lado a profundidade do personagem. E isso o Marco Ricca atingiu brilhantemente.

Quais são as curiosidades que mais marcaram as filmagens? 
FONTES – Eu estava em Nova York esperando o meu amigo Daniel Filho [diretor, ator e produtor] para ele ir comigo numa reunião com o Francis Ford Coppola [realizador de sucessos como O Poderoso Chefão, com quem Guilherme havia criado uma empresa no RJ, a ZB Facilities, que foi a primeira finalizadora digital por fibra ótica do país, e que colaboraria no desenvolvimento do roteiro final de Chatô]. Aí, o Daniel veio e disse: “Pô, Guilherme, não vai dar. Vou ter que montar a Globo Filmes”. Eu falei: “Ih, você não vai jantar comigo e com Coppola?” e ele não foi. Mas eu fui. E fui sozinho. Coppola não quis dirigir o filme; Daniel também não. Acabei dirigindo eu. Outra coisa: o Paulo Betti, que vive Getúlio Vargas, teve que raspar a fronte da cabeça duas vezes, em momentos distintos. Por isso, ele teve que ficar quase três anos usando peruquinha para disfarçar.

O que significou para você, um ator de formação, dirigir um filme? 
FONTES  O sonho de ser diretor de cinema me persegue desde muito pequenino. Eu acreditava que o cinema era realmente o somatório de todas as artes e continuo achando que o cinema é a maior diversão. Comecei a minha carreia como protagonista de cinema, após ter sido figurante no Tablado. Passei três, quatro anos só fazendo filmes. Dos 18 aos 21 anos, só fiz filmes incríveis, com Jorge Durán (A Cor do Seu Destino), Cacá Diegues (Um Trem Para as Estrelas). O Cacá me levou a Cannes, [quando Um Trem Para as Estrelas concorreu à Palma de Ouro, em 1987] e já de cara eu me vi ali diante do maravilhoso mundo do mercado de cinema e eu falei: “Oh! Quando eu crescer, quero ser astro de cinema, diretor de cinema e, se possível, distribuidor de filmes”. Era um sonho de menino que eu estou vivendo hoje. Não tenho muito do que reclamar não. Perdi um tempinho com esse bafafá, mas estou muito realizado e com vontade de continuar. 

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