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Contos de Terramar - Festival do Rio 2007

Filho de Hayao Miyazaki dirige seu primeiro longa-metragem

25.09.2007, às 22H00.
Atualizada em 08.11.2016, ÀS 13H04

Contos de Terramar (Gedo senki, 2006) é dirigido por Goro Miyazaki. O sobrenome famoso não é coincidência. O cineasta é filho de Hayao Miyazaki, um dos maiores animadores do Japão e vencedor do Oscar por A Viagem de Chihiro (2003), prêmio a que concorreu também com Castelo Animado.

Com um talento desses como pai, a expectativa pelo trabalho de Goro era imensa - bem como sua responsabilidade. Mas se ele não demonstrou a genialidade e excelência de Hayao, ao menos seu filme tem algum encanto.

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A aventura é baseada na série de romances de Ursula K. Le Guin e inspirada em Shuna's Journey, história em quadrinhos de Miyazaki pai. Nela, algo está afetando o equilíbrio das coisas. Ao mesmo tempo, o príncipe Arren está em conflito com o seu lado sombrio. Sua chance de melhora chega com o mago Sparrowhawk, que passa a protegê-lo. Os dois seguem viagem juntos e por onde passam encontram sinais de que algo vai mal no mundo. O responsável não tarda a surgir - é Cob, um feiticeiro maligno.

O filme leva o selo de qualidade do Estúdio Ghibli e a temática envolve o melodrama e o questionamento por parte dos atos dos personagens. São dramas de consciência que, a todo instante, atormentam os protagonistas. Ao mesmo tempo, temos outras reflexões que pontuam certas figuras dramáticas, como as responsabilidades da vida adulta e a necessidade de enfrentar as conseqüências de suas escolhas. Alguns dos desdobramentos desses atos chegam até a chocar, numa abordagem bastante adulta e inteligente.

O que compromete o trabalho de Goro Miyazaki é a forma irregular com a qual ele dosa a aventura e o melodrama. Com o intuito de não entregar a história e surpreender, o diretor perde valorosos minutos criando um clima de suspense que jamais se confirma. A trama não precisava ter quase duas de duração. Percebe-se que os conflitos são espichados sem necessidade. Outros, que mereciam mais atenção, passam batidos. Talvez o fã da obra de Ursula K. Le Guin não sinta falta de nada. Mas vale lembrar que o filme é feito para os espectadores que não são familiarizados com os livros.

A animação apesar de ser boa, não investe no potencial do universo mágico e também é irregular. Alguns cenários são muito bem trabalhados, enquanto outros sofrem de extrema falta de imaginação. Tirando uma ou outra cena de ação, o filme passa uma impressão de que tudo está parado em volta dos personagens.

O que funciona bem é a mensagem sobre a relação entre a vida e a morte. Filosoficamente, encantam as razões e as conseqüências dessa busca. Os diálogos sobre o tema são bem escritos e sustentam a proposta. Percebe-se também uma crítica sobre os efeitos da falta de equilíbrio no habitat, devido a desejos egoístas e mesquinhos - tema recorrente também na obra do pai do diretor. Pena que Goro Miyazaki não teve o mesmo cuidado com o enredo que demonstrou nesse aspecto.

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