Filmes

Notícia

Da Frigideira: O Último Mestre do Ar

Nosso texto de primeiras impressões compara o filme de M. Night Shyamalan com o desenho que lhe deu origem

18.07.2010, às 18H53.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 14H05

Do ponto de vista artístico, nada obriga M. Night Shyamalan a ser fiel ao desenho que deu origem ao seu filme mais recente, o primeiro com roteiro adaptado, O Último Mestre do Ar (The Last Airbender, 2010). Mas todo fã de Avatar quer saber, claro, se a série animada da Nickelodeon foi respeitada no cinema. Este texto de primeiras impressões, que precede a crítica, vai tratar das diferenças entre o desenho e o filme.

Assim como a primeira temporada de Avatar, o filme se chama Livro Um e acompanha o despertar centenário de Aang e seu caminho até se tornar um mestre dobrador de água no Pólo Norte. A história começa e termina exatamente como no desenho - o que muda é o tratamento de alguns temas, a condensação de eventos (para fazer cabê-los num longa-metragem) e a distribuição de informações ao longo da trama (elementos que no desenho são mencionados só no último episódio, por exemplo, Shyamalan aborda antes).

last airbender

None

avatar

None

the last airbender

None

ultimo mestre do ar

None

Se você não conhece o desenho, talvez prefira parar por aqui. Spoilers adiante:

A mudança de tratamento já fica clara nas primeiras cenas. Zuko captura Aang no Pólo Sul sem manipular fogo e, dentro do navio, também evita o confronto. O herdeiro bastardo da Nação do Fogo e seu tio tratam o Avatar com respeito e adiantam que precisam levá-lo ao Senhor do Fogo para que Zuko seja aceito de volta pelo pai.

Nesse ponto, Shyamalan já mostra duas coisas: seu Zuko está mais para anti-herói incompreendido do que para vilão (o que no desenho só fica mais saliente depois do episódio do Espírito Azul) e as demonstrações de poder são raras. Muito é resolvido no diálogo e brigas acabam antes de começar - afinal, é a filosofia zen que está sendo ensinada aqui - e, se não fosse a cena do treinamento com os sparrings no convés, só veríamos Zuko dobrar fogo no clímax da história. Aliás, para manipular fogo no filme é preciso uma fonte externa de calor. Só os mais experientes dobradores conseguem gerar fogo a partir de seu próprio chi.

Tudo se relaciona à questão do autocontrole. Ela é o assunto central de O Último Mestre do Ar. No desenho, Aang consegue dobrar água sem problema. No filme, o trauma da extinção do seu povo, os Nômades do Ar, impede que ele se concentre e manipule normalmente qualquer elemento que não seja o ar. Já o contato com o mundo espiritual - tema apresentado no desenho apenas no sétimo episódio - é simplificado por Shyamalan e espalhado ao longo do filme para deixar mais claro o desafio proposto a Aang. Da mesma forma, a obsessão da Nação do Fogo pelo Espírito da Lua também é mencionada cedo no filme para não parecer gratuita quando for importante no final.

O diretor evidentemente privilegia a dramaticidade do lado espiritual do desenho. O filme tem humor, sim, mas não no mesmo volume de Avatar, que trata as gags como respiros entre cenas dramáticas para que não se leve tudo tão a sério.

De resto, dos encontros episódicos que Aang, Sokka e Katara têm ao longo da temporada, o filme conserva apenas a passagem pela vila dos dobradores de terra. No desenho ela serve para reforçar o heroísmo de Katara; no filme, de Aang. Já o episódio das guerreiras Kyoshi foi incluído por Shyamalan - Suki, a líder, aparece até em um dos cartazes - mas o diretor preferiu removê-las na sala de montagem por achar que desviavam demais da narrativa principal.

Shyamalan é esperto ao colocar dois pontos essenciais do desenho - o treinamento do Avatar e o contato com o mundo espiritual - dentro do tema do autocontrole, já que tudo no filme deriva da meditação. Mas a forma como o roteirista/diretor didatiza a exposição de informações ao espectador fica aos poucos problemática. Isso sem contar que a sua opção pelo não confronto transforma O Último Mestre do Ar em um filme de ação sem muita ação... Mas aí já é assunto para a crítica.

A crítica será publicada um dia antes da estreia, e o Especial do filme terá entrevistas também. O Último Mestre do Ar chega aos cinemas brasileiros em 20 de agosto.

PS: O filme foi visto em 3-D nos escritórios da Paramount no México. Durante a projeção, não era difícil assistir a trechos sem os óculos; só a legenda parecia saltar da tela. A conversão ao 3-D de O Último Mestre do Ar não deforma a imagem como a de Fúria de Titãs, mas também não altera sensivelmente a profundidade - é um 3-D inócuo.

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Ao continuar navegando, declaro que estou ciente e concordo com a nossa Política de Privacidade bem como manifesto o consentimento quanto ao fornecimento e tratamento dos dados e cookies para as finalidades ali constantes.