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Festival de Cannes | Não sei por que a surpresa, diz John Turturro após ter atuação elogiada

Ator é o protagonista do longa Mia Madre, de Nanni Moretti

16.05.2015, às 15H51.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Muso no cinema autoral, importado pela ala pipoca de Hollywood como o trapalhão Simmons da franquia Transformers, John Turturro virou o candidato número um ao prêmio de melhor ator no 68º Festival de Cannes ao fazer a Croisette em peso gargalhar com sua participação em Mia Madre. Exibido na manhã deste sábado em concurso pela Palma de Ouro, o novo filme do diretor italiano Nanni Moretti põe Turturro na pele de Barry Huggins, canastrão americano convidado para fazer um longa de uma cineasta italiana (Margherita Buy) cuja mãe pode morrer. Usando elementos da mais nobre cartilha da comédia, Turturro constrói Barry como a caricatura da estrela vaidosa, incapaz de ver seus limites enquanto desbrava uma cultura estrangeira. Uma sequência em que seu personagem solta seu corpanzil numa dança, sem qualquer pudor, deixou Cannes de queixo caído com sua desenvoltura. 

"Não sei por que a surpresa. Tudo o que eu faço é pura coreografia", brincou o ator em Cannes, referindo-se ao controle que tem sobre seus movimentos em cena.

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Vale lembrar que Turturro integra a seleta trupe de atores-fetiche dos irmãos Joel e Ethan Coen, que, por acaso, são os presidentes do júri de Cannes deste ano. "A chave para um roteiro me atrair é o tanto de liberdade criativa que ele me oferece, sem despersonalizar o diretor. Eu levo o que posso para a cena, para acrescentar, para jogar junto. E o roteiro de “Mia madre me encantou por essa liberdade de parceria", disse o ator, que já dirigiu cinco longas e um dos episódios de Rio, Eu Te Amo

Em entrevista ao Omelete, Turturro completou: “Trabalhei, ao longo de meus 35 anos de carreira, com cineastas de expressão muito autoral, como os Coen, Spike Lee, Ridley Scott e Martin Scorsese. E a cada experiência dessas, você extrai um olhar de mundo que ajuda a consolidar suas reflexões sobre a realidade. E eu tiro um pouco do método de cada um para compor minha metodologia de trabalho, seja para atuar ou seja para dirigir. E, como diretor, o que faço é usar a minha experiência pessoal como intérprete para oferecer mais segurança a meus atores, pois eu sei como eles se sentem em um set, concluiu Turturro, hoje com 58 anos, já preparado para filmar a comédia geriátrica The Locals, com Shirley MacLaine.

Mia Madre dispara agora como um dos principais concorrentes aos prêmios de Cannes, ficando atras apenas de Soul Fia, um drama sobre a Segunda Guerra, vindo da Hungria, centrado na reconstituição da rotina dos Sonderkommando, os judeus forçados a ajudar nazistas nos campos de concentração. A surpresa maior do festival até agora – das mais negativas – foi a salva de vaias contra The Sea of Trees, longa inédito de Gus Van Sant - estrelado pelo todo-poderoso astro Matthew McConaughey -, que ora parece um livro de autoajuda filmado, ora lembra um remake de Nosso Lar

Entre as maiores expectativas das mostras paralelas, destaca-se, na Quinzena dos Realizadores, o thriller Yakuza Apocalypse, de Takashi Miike, previsto para quinta-feira. Fala-se muito aqui também do drama argentino Paulina, de Santiago Mitre, roteirista habitual do cineasta Pablo Trapero e respeitado no Brasil como realizador pelo cult O Estudante, que ficou meses em cartaz nas salas do Rio.

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