Morreu nesta quinta-feira, 28 de janeiro, o escritor J.D. Salinger, autor de O Apanhador no Campo de Centeio. Salinger tinha 91 anos e desde a década de 1950 vivia recluso em sua propriedade em New Hampshire, onde se mantinha afastado dos fãs, de estudiosos e da imprensa.
Apesar de recluso, Salinger surgia nas manchetes sempre que
havia uma tentativa de publicar suas cartas ou sequências não autorizadas
de O Apanhador no Campo de Centeio. Em todos os casos o escritor
não hesitava em deixar sua propriedade em Cornish e comparecer aos tribunais.
Salinger também era contra adaptações do texto a outras mídias, como o cinema. A repulsa a esse tipo de projeto aconteceu depois que Meu Maior Amor (My Foolish Heart, EUA, 1949), filme inspirado em um conto seu, foi lançado. O escritor detestou o resultado e decidiu que suas obras nunca mais se transformariam em filmes.
Salinger nasceu em Nova York e começou a publicar suas histórias na década de 1940, antes de servir na Segunda Guerra Mundial. Após o conflito, ele publicou contos na revista The New Yorker e, em 1951, seu livro mais celebrado. A história de Holden Caufield se tornou uma referência sobre a alienação da adolescência e O Apanhador no Campo de Centeio entrou para a lista de leitura obrigatória de estudantes nos Estados Unidos e alunos de inglês em todo o mundo.
O sucesso não agradou a Salinger, que passou a publicar pouco e evitar o contato com a imprensa. Seu último trabalho, Hapworth 16, 1924, foi publicado pela The New Yorker em 1965, e sua última entrevista foi concedida em 1980. Em 1988 uma pequena editora tentou obter os direitos de publicação de Hapworth 16, 1924 em formato de livro. Salinger manteve o editor esperando por uma resposta por oito anos, antes de aceitar. Próximo da data de publicação, o editor deu uma entrevista falando do futuro lançamento e Salinger interrompeu a comunicação, cancelando o projeto. O livro jamais foi publicado e o fato passou a ser mais um mistério envolvendo o autor.