Não vi o original coreano Jian Gui, nem sua seqüência, que chegou por aqui batizada Visões (Jian Gui 2, 2004). E, se pudesse, gostaria de não ter visto também O Olho do Mal (The Eye, 2008), o remake hollywoodiano estrelado pela bela Jessica Alba. Infelizmente, nossa obrigação com você, leitor, sempre fala mais alto e lá vamos nós sofrer no cinema com mais uma desinteressante refilmagem de um filme de terror asiático.
O início do projeto prometia algo promissor já que importava da França David Moreau e Xavier Palud, que chamaram atenção depois de escrever e dirigir o cultuado terror Ils. Mas esse é só o primeiro dos seus erros. Não é porque a dupla conseguiu relativo sucesso com seu début que a boa estréia em Hollywood estava garantida. Uma coisa é levar um projeto pessoal para frente. Outra bem diferente é seguir ordens vindas de todos os lados e trabalhar em cima de uma história já pronta. Sobra nesta segunda opção pouco espaço para deixar a sua criatividade trabalhar. E quando o assunto são os sustos fáceis que os atuais filmes de terror teimam em pregar é necessário ter pulso firme e não aceitar ordens. Contrariando os ensinamentos franceses de que protestos e greves devem ser feitos sempre que algo estiver errado, os dois aceitam o papel de operários padrão e fazem o que lhes é mandado e nada mais.
o olho do mal - 1
O resultado é apenas mais do mesmo: mulher (Jessica Alba) tem problema (é cega), algo acontece (ela é operada), e ela começa a trombar com mortos. Depois de se borrar toda, começa a investigar e descobre que o fantasma em questão teve uma morte trágica e cabe a ela arrumar o passado. Uáááá...
No papel da violinista cega que volta a enxergar, Jessica Alba continua linda. Suas atuações, no entanto, decaem em qualidade em igual proporção mas direção oposta. Não é apenas para aparecer que o pessoal do Framboesa de Ouro pega no pé da moça (foi indicada a pior atriz e pior dupla em cena neste ano). Convenhamos: estrelar na seqüência Maldita Sorte, O Olho Do Mal e Awake não ajuda muito a carreira de ninguém. É melhor que ela e seus agentes troquem sua visão míope que vê apenas o dinheiro à sua frente e passem a enxergar também o futuro.
