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Pixels | Crítica

No mercado da nostalgia o frat boy em pele de nerd é a novidade

22.07.2015, às 13H46.

Acreditar que o ator Kevin James é capaz de se tornar presidente dos Estados Unidos nem é tão difícil em Pixels quanto acreditar que Adam Sandler já foi nerd em algum momento na vida.Embora seja voltado para esse público que nutre nostalgia por suas memórias em 8 bits, em espírito o filme do diretor Chris Columbus é essencialmente uma comédia de "frat boys" como Gente Grande.

James e Sandler baixam em um tom a histrionice e a caricatura dos adultos imaturos que tradicionalmente fazem em seus filmes, para dar espaço à ação nesta adaptação em longa-metragem do curta homônimo de Patrick Jean sobre uma pixelada invasão dos videogames oitentistas ao nosso planeta. O pastelão mais ostensivo é substituído pelos efeitos visuais, em cenas (valorizadas nas sessões em 3D) de embates dos humanos contra as naves de Galaga ou contra os barris de Donkey Kong.

Sem dúvida haverá um interesse em identificar na tela os diversos easter eggs saídos dos fliperamas, de Joust a Paper Boy, e o trabalho de computação gráfica encontra algumas soluções criativas para mostrar a física dos jogos no mundo real (como a interação de Tetris com edifícios). Hollywood gosta de dizer que o que faz um bom filme são seus personagens, porém, e os de Pixels infelizmente estão mais deslocados aqui que os invasores do espaço.

A pista inicial já está na primeira cena que Sandler divide com James, em que o presidente deixa a Casa Branca cercado de seus seguranças para tomar uma cerveja com o velho amigo de infância num bar. Elemento recorrente, a bebida será também o elo entre o personagem de Sandler e seu interesse amoroso, a militar interpretada por Michelle Monaghan, que prova ao herói seu "valor" manguaçando em três cenas diferentes.

É o código dos bróders, afinal, afogar no copo as suas mágoas. Nesse sentido, o filme não consegue estabelecer uma distinção entre seus heróis e os tipos vilanescos como o almirante vivido por Brian Cox, que grita com sua mulher quando está sozinho em casa. Todos se equivalem nas suas decepções da vida de adulto, e o cinema americano nos ensinou a associar isso com histórias de jocks de fraternidade - que, depois de viver a glória e a liberdade na faculdade, devem se conformar com um subemprego e um casamento infeliz.

Ora, o que isso tem a ver com nerds (que, para ficar no imaginário dos anos 80 que o filme evoca, eram o exato oposto da fraternidade)? Não muito, e é por isso que Pixels sente a necessidade de buscar na figura de Josh Gad um nerd de estereótipo, sexualmente incerto, e nessa hora fica evidente a imagem desabonadora do nerd que Hollywood faz enquanto lhe transforma em nicho de mercado. Bom ator, Gad aqui fica reduzido a um sub-Jack Black, sob o fardo de conduzir o humor pastelão que não cabe mais a Sandler e James. Gad divide essa função com Peter Dinklage, cuja atuação sinistra, secretamente raivosa, termina sendo a maior atração fora-do-script de Pixels.

Nota do Crítico
Regular
Pixels
Pixels
Pixels
Pixels

Ano: 2014

País: EUA

Classificação: LIVRE

Duração: 0 min

Direção: Chris Columbus

Roteiro: Tim Herlihy

Elenco: Michelle Monaghan, Adam Sandler, Peter Dinklage, Sean Bean

Onde assistir:
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