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Crítica

Regras do Jogo | Crítica

Encabeçado por um elenco de primeira, é um filme de tribunal que toca em delicadas questões diplomáticas.

08.09.2000, às 00H00.
Atualizada em 24.11.2016, ÀS 03H06

A HISTÓRIA

No Iêmen, a embaixada dos Estados Unidos está cercada por manifestantes contra a presença americana no Golfo Pérsico. A situação, que começa com cantorias e placas de protesto, começa a ganhar contornos violentos, com manifestantes atirando contra a embaixada. Um grupo de fuzileiros é enviado para resgatar a família do embaixador daquele caos todo. Mas a situação logo foge ao controle e o comandante da operação de resgate (vivido por Samuel L. Jackson) vê-se com seus homens sob fogo cerrado. Depois de ver três camaradas tombarem, ele perde a cabeça e ordena aos fuzileiros que saiam da proteção de uma mureta a abram fogo com força total, o que, em segundos, estraçalha toda a multidão. Quando baixa a poeira, mais de uma centena de pessoas, incluindo idosos, mulheres e crianças formam um mar de cadáveres e feridos agonizantes. O incidente corre o mundo e os EUA ficam numa posição delicada. Pessoas no governo acham necessário colocar a culpa no oficial e levá-lo à corte marcial como tendo cometido um erro individual, eximindo o país de qualquer culpa. Acuado, ele recorre a um velho amigo, um simplório advogado vivido por Tommy Lee Jones, que tem uma dura missão pela frente. O que se vê então é uma investigação cuidadosa, a fim de se evitar que um bom soldado seja abandonado por seu país.

IMPLICAÇÕES DO CASO

A partir de certo momento, a questão básica do advogado passa a ser descobrir se a multidão estava armada, o que poderia caracterizar legítima defesa durante uma ação militar. Quando o advogado vai ao Iêmen conhecer o local do incidente, passa por um hospital onde estão os moribundos e agonizantes que não morreram imediatamente no massacre. E, claro, há muitas crianças lá, num cenário tão desolador que parece mostrar que a força usada contra a multidão fora mesmo exagerada e sanguinária. Insistentemente, aparece uma garotinha que perdera a perna ao ser metralhada pelos fuzileiros. Mais pro fim, uma cena revela que aquela menininha de uns 9 anos também estava atirando contra os americanos. Ou seja, o diretor fez aquilo pro público parar de sentir pena dela, já que também vai sendo colocado que todos lá eram fanáticos religiosos treinados para matar americanos. Enfim, tudo se justificava.


UMA PEQUENA REFLEXÃO

O roteiro gira em torno de ética militar, lealdade, amor à pátria, cumprimento de ordens e fatalidades de guerra, sem tocar muito em questões sobre vida e morte. Pra um americano patriota que se arrisca a tomar um tiro só pra resgatar uma bandeira (coisa que o herói do filme faz), é lindo. Pra alguém de filosofia um pouco mais humanista, o filme é uma aberração, pois o personagem de Samuel L. Jackson em momento algum lamenta-se pelo fato de crianças (mal orientadas ou não) terem morrido ou sido mutiladas por seus homens fortemente armados e treinados. Pelo menos, a violência não é glamurizada como em muitos filmes de ação. Fica claro que a guerra é algo terrível e que ninguém sai ileso dela.

A história prende a atenção com muita intriga de bastidores e as interpretações são fabulosas. A química entre os protagonistas gera grandes momentos em que amizade e lealdade são defendidos acima de tudo. Enfim, Regras do Jogo é um grande filme, que poderia ter ido mais fundo em questões éticas e humanistas. Mas aí já seria querer demais de um filme americano de entretenimento.

Nota do Crítico
Bom
Regras do Jogo
Rules of Engagement
Regras do Jogo
Rules of Engagement

Ano: 2000

País: EUA

Classificação: LIVRE

Duração: 128 min

Onde assistir:
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