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Em Rios vermelhos (Les rivières pourpres, de Mathieu Kassovitz, 2000), os personagens principais eram os policiais Niemans (Jean Reno) e Kerkerian (Vicent Cassel), cujas investigações acabavam se cruzando. O primeiro foi chamado depois que um corpo todo mutilado foi encontrado numa parede de alpinismo. O outro estava correndo atrás de pistas de um arrombamento de tumbas. O filme tem um visual de tirar o fôlego, ótimas atuações e um desfecho surpreendente.
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Quatro anos se passaram desde então e apesar do sucesso de crítica e público do filme anterior e do envolvimento de Jean Reno e do produtor Luc Besson, Vicent Cassel não quis reprisar seu personagem. Entra em cena Reda, um ex-aluno de Niemans na academia de polícia. Para interpretá-lo, foi chamado Benoîte Magimel, premiado como Melhor Ator em Cannes 2001, por A professora de Piano.
O reencontro dos dois policiais acontece quando um sujeito delirante em trajes e aparência idênticas a Jesus Cristo é encontrado por Reda. O tal sósia dEle é a única pista viva que Niemans tem de uma série de mortes que vem acontecendo com um grupo de amigos. Para ajudar nas investigações é chamada Marie (Camille Natta), policial especializada em assuntos religiosos.
Niemans e cia. fazem parte de um departamento especial da polícia francesa. Seria algo próximo ao Arquivo X, ou então o Bureau de Pesquisa e Defesa Paranormal das histórias do Hellboy. O mais interessante é que isso nunca é citado claramente por ninguém, fica apenas no ar, para quem quiser pegar. Basta ver os casos bizarros que sobram para eles. O subtítulo Anjos do Apocalipse não está lá à toa... mas não vamos falar mais para não estragar as surpresas.
Filho bastardo
Apesar de um ótimo cenário e efeitos sonoros que conseguem assustar nos momentos certos, Rios vermelhos 2 (de Olivier Dahan, 2004) tem um grande problema: o roteiro. As situações não conseguem convencer ou empolgar como no primeiro filme. A nova dupla até funciona bem, mas os opostos de Neimans X Kerkerian eram muito mais interessantes do que as afinidades de Niemans X Reda. Talvez o grande motivo desta queda de qualidade é o fato de Jean-Christophe Grangé não estar a bordo desta vez. Além de autor do livro que deu origem ao primeiro filme, Grangé também assina o roteiro ao lado do diretor Mathieu Kassovitz. Já o script da seqüência é de Besson, que custuma passar para o papel uma visão, digamos, exagerada das coisas. Às vezes fica legal, como em O quinto elemento, ou O profissional, mas em outras oportunidades, acabam saindo obras questionáveis como sua versão de Joana D´Arc.
A excelência técnica já citada é uma característica dos novos diretores franceses, que não têm pudor de fazer um cinema próximo ao hollywoodiano. Foi assim com Kassovitz e é assim também com Dahan. Se os filmes fossem vistos dublados em português, muita gente nunca imaginaria que eles foram feitos por conterrâneos de Godard e Truffault. Todas as marcas registradas de um filme de ação norte-americano estão lá: explosões, tiros, perseguições...
Mas se tudo isso serve para atrair aos cinemas um público que normalmente nunca veria um filme francês, há um pequeno problema que eles infelizmente também herdaram dos hollywoodianos: fazer uma seqüência inferior ao seu original.
Ano: 2000
País: França
Classificação: LIVRE
Duração: 105 min
Direção: Mathieu Kassovitz
Elenco: Jean Reno, Vincent Cassel, Nadia Farès, Dominique Sanda, Karim Belkhadra, Jean-Pierre Cassel, Didier Flamand, Philippe Nahon