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Crítica

Sangue Azul | Crítica

Daniel Oliveira protagoniza os tormentos de um drama de incesto no paraíso

04.06.2015, às 00H37.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

A sequência inicial de Sangue Azul tem um quê de O Mágico de Oz. Em preto e branco, Pedro (Daniel Oliveira) chega com o circo itinerante Netuno a Fernando de Noronha. O rapaz é o Homem-Bala, a estrela do show. A cor só surge na tela quando o rapaz se catapulta e explode em piruetas. O público extasiado ovaciona a elegante aterrissagem, um verdadeiro retorno: Pedro deixou Noronha ainda criança sob a tutela do ilusionista Kaleb (Paulo Cersar Pereio). Vinte anos depois, de volta à casa, ele quer descobrir por que sua mãe (Sandra Coverloni) o mandou embora.

Com imagens estonteantes e muita tensão criada pelo não-dito, o terceiro longa de Lírio Ferreira abriu a mostra Panorama do Festival de Berlim 2015. O filme foi exibido em quatro salas simultaneamente em sua estreia e foi bem recebido pelo público. Quase como uma apresentação de circo, o longa é dividido em diferentes atos, uns muito mais longos do que os outros, e explora a volta à superfície de sentimentos escondidos na alma de Pedro e de sua irmã, a mergulhadora Raquel (Caroline Abras), agora noiva de um amigo de infância dos dois.

Em Sangue Azul, tudo gira em torno do mar e o circo Netuno funciona como o microcosmo da sociedade ilhada tentando lidar com o isolamento, o sexo, o amor e os desejos incontroláveis. Pedro é um homem pulsante, musculoso e envolvente que exibe sua fragilidade somente perante a única mulher que ele - ao menos teoricamente - não pode ter. São muitos momentos poéticos e cheios de simbolismo como a cena em que o Homem-Bala, nascido em uma ilha mas com medo das águas profundas, permanece paralisado numa longa troca de olhar com a irmã, que indaga "Ainda não perdeste esse medo?", antes de submergir no silêncio do mar.

O problema, porém, é que em meio a isso estão os números circenses e toda a interação dos forasteiros com os locais. A atmosfera onírica dá brilho à trama, mas com tantos personagens interessantes meramente pincelados, fica difícil se envolver emocionalmente e entender seus dramas. A força narrativa da fotografia estonteante e do balé dentro e fora d'água dos dois irmãos atormentados pelo reencontro, no entanto, prevalece para mostrar um paraíso que só escancara as improbabilidades do amor.

Nota do Crítico
Bom
Sangue Azul
Sangue Azul
Sangue Azul
Sangue Azul

Ano: 2014

País: Brasil

Classificação: 16 anos

Duração: 114 min

Direção: Lírio Ferreira

Elenco: Daniel de Oliveira, Caroline Abras, Matheus Nachtergaele

Onde assistir:
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