|
||||
Em 1996, Wes Craven ressuscitou o terror no cinema com o primeiro capítulo da trilogia Pânico (Scream), estrelada por Neve Campbell, Courteney Cox e seu futuro marido, David Arquette. Em 2000, os irmãos Wayans ressuscitaram o gênero das paródias criando a franquia Todo mundo em pânico. O filme, mesmo com um orçamento baixo (19 milhões de dólares), se tornou uma das maiores surpresas daquele ano, superando a barreira dos 150 milhões dentro dos Estados Unidos. A seqüência era questão de tempo e já no ano seguinte estava nos cinemas Todo mundo em pânico 2, que não conseguiu metade da arrecadação do seu antecessor.
Eis que surge agora o terceiro produto desta série. A diferença é que desta vez os Wayans, criadores e protagonistas dos dois primeiros longas-metragens, só assinaram o recibo pela cessão dos direitos autorais. A direção ficou por conta de David Zucker, cineasta e roteirista responsável por algumas das produções mais populares dos anos 80 e começo dos 90, como Aperte os cintos, o piloto sumiu, Top Secret e Corra que a polícia vem aí.
A chegada de Zucker dá a Todo mundo em pânico 3 um clima diferente, com menos piadas escatológicas e sexuais, marca da série até então. Tudo começa com a citação de um certo vídeo caseiro, que Pamela Anderson, numa rápida participação, logo desconversa. E seguem dali gags de todos os gêneros, tamanhos, raças e credos. Algumas são engraçadas pelas citações a filmes como 8 mile - rua das Ilusões, O Chamado e, de novo, Matrix.
Quem assistiu aos filmes citados acima curtirá bem mais as reconstruções das cenas e as tiradas, que parecem não ter fim. Por exemplo, só quem conhece o cineasta M. Night Shyamalan e seu último lançamento, Sinais, verá graça quando um tiozinho chamado Syaman, com cara de indiano, aparece dirigindo uma caminhonete. Além de comédia, estes filmes são como aqueles livros Cadê o Wally. A diferença é que enquanto você procura e testa seus conhecimentos, as coisas vão se mexendo na tela.
Mas há também piadas textuais, como por exemplo quando o pastor incrédulo (Charlie Sheen) se desespera por ter 60 dias para conseguir US$ 1,50 para pagar a hipoteca de sua fazenda. Ou então, o pastelão de quando o presidente americano (Leslie Nielsen) começa a bater em velhos e deficientes.
Como desculpa para juntar todas estas piadas e referências, a protagonista dos dois primeiros filmes, Cindy Campbell (Anna Faris), está de volta. Agora ela não é mais aquela adolescente destrambelhada. Ela se tornou uma jornalista destrambelhada. Em busca do sucesso ela investiga fitas que matam pessoas depois de sete dias e uns misteriosos círculos em uma fazenda.
100 milhões de dólares mais tarde...
A renovação da equipe criativa e elenco deu certo. No seu fim de semana de estréia nos Estados Unidos o filme arrecadou 48 milhões de dólares, superando em três milhões seu custo de produção. Apesar do filme não ser uma maravilha da sétima arte, ele tem seu público e sabe muito bem como agradá-lo e chamá-lo para o cinema. Prova disso é o ótimo trailer, que mostra a cena em que um sósia do Michael Jackson aparece numa clássica cena de Os outros.
Passada a marca dos 100 milhões de dólares nas bilheterias, Zucker já está contratado para o quarto episódio da série. Mas este ainda vai demorar um pouco. O estúdio queria dar uma olhada no roteiro agora, no começo de 2004, mas o cineasta veterano falou que quer esperar pelo menos até o próximo filme do Shyamalan. Seus filmes são presentes dos céus, disse sem medo. Uns criam. Outros copiam. E assim caminha a humanidade.
Ano: 2000
País: EUA
Classificação: 14 anos
Duração: 91 min
Direção: Malcolm D. Lee
Roteiro: David Zucker, Pat Proft
Elenco: Simon Rex, Ashley Tisdale, Charlie Sheen, Lindsay Lohan, Erica Ash, Katt Williams, Molly Shannon, Darrell Hammond, Snoop Dogg, Jerry O'Connell, Sarah Hyland, Katrina Bowden, Heather Locklear, Mike Tyson, Kate Walsh, Bow Wow