Nos minutos que precedem o início das partidas multiplayer em Call of Duty: Black Ops 3, notei algo de diferente naquele momento em que você define seus equipamentos, perks e demais habilidades: você podia escolher classes de personagens, que se diferenciavam não apenas pelo rosto e pela roupa, mas também por habilidades e armas únicas.

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Na primeira partida, joguei como Reaper, uma máquina cujo braço direito se transforma em uma metralhadora que atravessa qualquer armadura, e uma habilidade que cria três cópias de si mesmo. Já na segunda, escolhi o Prophet, um humano com implantes biônicos capaz de se teleportar para um lugar onde estava anteriormente e empunha uma espingarda elétrica que dá choques em cadeia, caso seus oponentes estejam próximos um do outro.

Logo após sair da sessão de teste e sentar para conversar com David Vonderhaar, diretor de design do game na Treyarch, foi impossível não lembrar de elementos que definem os MOBAs, como os personagens com personalidade, voz e visual próprios. Se, no nosso preview da E3 2015, a impressão foi de que o game parece mais ter super-heróis do que soldados, a sessão multiplayer da qual participei na Gamescom 2015 mostra que estes heróis têm um parentesco distante com os guerreiros de games como League of Legends e DotA 2.

A grande novidade do multiplayer está nos especialistas, skins com habilidades e armas especiais únicas. "Eles foram projetados como um meio termo entre a customização de classes, como armas e equipamentos, e os scorestreaks (habilidades temporárias que você alcança caso mate um determinado número de pessoas sem morrer)", explica Vonderhaar. Estas armas especiais ficam disponíveis depois de um certo tempo na partida, que pode ser menor caso o seu placar seja bom.

Questionei se estas armas não seriam algo similar aos ultimates dos MOBAs, já que podem mudar o rumo de uma partida. "Eu gosto dessa comparação, mas há várias respostas para essa pergunta", diz Vonderhaar. "A primeira delas é que queríamos da uma chance para jogadores que não pontuam muito. Nem todo mundo tem a chance de matar vários oponentes na partida, mas, ao mesmo tempo, não queríamos mexer nos scorestreaks, que são recompensas para bons desempenhos. Queremos que todo mundo tenha a oportunidade de brilhar na partida."

Outra moivação da Treyarch para introduzir as classes de especialidade - e o que me convenceu desta inspiração em MOBAs - está em criar uma identificação com quem você joga. "Quando você pensa na criação de classes, há muitas opções, mas você não tem como saber o que seu oponente escolheu. Agora, quando você vê o Ruin com seus bastões de gravidade, já sabe o que esperar dele", explica Vonderhaar.

Por fim, as classes de especialidade também vão colocar uma fina camada de história no multiplayer. "São personagens com nomes, bordões, vozes, que conversam um com o outro, e quase que por diversão. Queremos fazer uma ficção que se liga ao resto do game, mas sem ser muito pesada", afirma o desenvolvedor, assegurando que todas estas mudanças são leves - nada disso altera o que o público já espera de Call of Duty.

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Para evitar que certas especialidades se sobressaiam a outras em determinados mapas e situações, a Treyarch implementou um sistema complexo para determinar quem vai jogar com o quê. As partidas têm um sistema de draft, no qual há uma ordem dentro do time para que você escolha sua classe e habilidade. A combinação que você decidir não pode ser usada por nenhum outro membro do seu time.

Antes disso, há uma votação para banir habilidades e classes da partida, mas você também pode votar para "proteger" certas opções, impedindo que elas sejam removidas do jogo. Na definição padrão, a ordem de votos e drafts é aleatória, mas pode ser configurada manualmente a escolha do jogador. "Em partidas competitivas, os capitães podem decidir a ordem de escolha das habilidades, ou então o primeiro a proteger ou banir algo será o último na fila do draft. Fizemos isso de propósito. É uma decisão muito pensada no cenário competitivo", diz Vonderhaar.

Call of Duty: Black Ops 3 chega em 6 de novembro para PlayStation 3, Xbox 360, PlayStation 4, Xbox One e PC.

"O jornalista viajou a convite da Blizzard