O Allianz Parque não acomodou o Palmeiras no último fim de semana, mas recebeu um evento tão grandioso ou maior que os jogos do clube. A final do Campeonato Brasileiro de League of Legends, disputada pelos times Pain Gaming e INTZ, tem estrutura e imponência digna de grandes eventos esportivos mundiais. Na verdade, para quem esteve presente no estádio no último sábado (8), o desfecho do CBLoL é o maior evento esportivo do ano.

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A diferença está apenas na modalidade, pois o fanatismo, as torcidas, as estrelas, os narradores e a emoção envolvida são as mesmas. O acontecimento produzido pela Riot Games comprova não só o já óbvio crescimento dos e-sports no país, como a capacidade da empresa em produzir um espetáculo de primeira qualidade, voltado para a comunidade e que respeita toda a euforia que os fãs dedicam ao jogo.

Um show dentro do estádio

O estádio não foi completamente usado. A parte de trás do gol foi fechada com um pano preto e, dentro do campo, o palco surgia. Cinco telões de alta definição, uma orquestra preparada para o show de abertura e luzes vermelhas e azuis decoravam o local, que, ao meio-dia, já continha mais de 12 mil pessoas. As cadeiras confortáveis e a disposição das arquibancadas davam um ar de teatro arena ao CBLoL. Quando a abertura começou, o que era apenas impressão virou realidade.

O maestro chamou seus comandados para iniciar o show que misturaria imagens da temporada de League of Legends e o aquecimento para a final que começaria em alguns minutos. Guardadas as devidas proporções, a Riot faz um evento no estilo de uma abertura de Copa do Mundo. Música épica, clipes de melhores momentos e uma entrada cheia de glória para os times competidores. Os cinco jogadores de cada equipe surgiram por uma plataforma que saia do chão e foram saudados pela multidão.

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O jogo em si tinha um clima de um esporte americano como beisebol e futebol americano. O embate consistia em disputa melhor de cinco partidas, e quem vencesse três levava o título. Como foi 3x0, o evento todo durou cerca de cinco horas - entre shows, partidas e entrevistas (estas feitas durante o "show do intervalo"). Comidas, bebidas e outras atrações faziam o tempo passar mais rápido, afinal, as torcidas esperavam ansiosas pelo resultado final. No fim das contas, a Pain ficou com a taça e fez a alegria da maior parte do público do Allianz.

Tirando a pirotecnia, os telões de alta definição e a decoração de primeira qualidade, o CBLoL chamou atenção por outros fatores. O primeiro deles é a qualidade da transmissão da partida. Cerca de 260 mil acessos foram registrados no canal do Twitch da Riot, que fez um trabalho digno de uma TV fechada. Melhor, a transmissão teve competência superior a de muitas emissoras. A transição entre plateia, cabine e jogo era fluida e dava a imponência necessária a um evento que a olhos leigos seria dado como um programa de criança. Profissionalismo puro.

Diferente da maioria dos espetáculos esportivos, o CBLoL não estava cheio de cartazes de patrocínios ou estampas de outras marcas. A experiência estava voltada pura e simplesmente para os fãs da Riot. Tudo era caracterizado pelos personagens e artes do jogo. Talvez a única falha da estrutura montada seja a falta de apresentação do jogo a pessoas não familiarizadas com aquilo. Pais e acompanhantes que não conhecem League of Legends saíram de lá impressionados, mas sem entender os meandros ou mesmo algumas regras do jogo - ainda que os narradores tentassem facilitar em certos momentos.

Não existe, na história da indústria de games do país, nada que se compare ao fenômeno League of Legends. A união entre desenvolvedora e comunidade deu a esse movimento uma força que se tornou conhecida mundialmente. É difícil saber até onde vai essa febre; mas, na verdade, não é hora de se preocupar com isso, pois ela ainda está nos seus primeiros anos. É o momento de curtir, conhecer e respeitar um mercado que não tem data para sair do nosso cotidiano.