Assim como muitos se aproveitaram do ressurgimento de Ninja Gaiden como uma referência de jogos de ação para o século XXI, não seria justo atirar pedras em Ni-Oh. Sim, é impossível não notar semelhanças entre o alpha de Ni-Oh e a franquia Dark Souls. A estruturação do cenário, os inimigos, as almas para coletar, os templos para salvar seu progresso e subir de nível, e o terror que espreita a cada esquina, a cada adversário que pode ser o seu último oponente. Mas o game da Tecmo Koei consegue imprimir sua própria personalidade, deixando bem de lado esse status de cópia que poderia vir a acometê-lo.

O clima pesado é uma constante durante toda a demonstração. Os soldados que ficaram de guarda nas duas áreas disponíveis do game, por vezes estão pilhando os corpos dos derrotados ou encarando a escuridão perto de uma fogueira. Num primeiro momento são dois tipos básicos de adversários que precisamos ficar atentos; um mais mecânico, que sempre repete suas ações e dificilmente vai surpreendê-lo depois que aprender o básico; o outro, um soldado de verdade, com armadura pesada e que também sabe trocar a postura de combate, esse vai dar um pouco de trabalho no início.

Aprender os diferentes estilos de combate é essencial. No canto inferior direito é possível ver todas as posições que um espadachim assume durante o combate. Essas posições podem ser trocadas com uma combinação de botões e precisam ser usadas para uma melhor eficiência da sua força, stamina e arma utilizada.

A postura é completamente influenciada pela barra de energia do personagem. É ela que diz quantos golpes e esquivas poderão ser usados durante uma investida. Na postura tradicional (a média), seus ataques não consumem muita energia e causam um dano considerável. Na postura alta, o espadachim deixa de lado a sua guarda para aplicar um golpe com todas as forças do seu corpo. A energia vai embora rapidamente, deixando-o bastante vulnerável. A posição baixa gasta menos energia, é mais rápida e causa pouco dano. A neutra, com a espada guardada serve para ataques de Iai (saque de espada) depois que a habilidade é liberada.

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A parte boa é que, depois de um tempo dentro da demo, o jogador alcança energia e intimidade suficentes para brincar um pouco com essas posturas dentro de um combo. No geral ataques simples são sempre mais eficientes, mas é bem divertido criar combos com algumas variações, lembra até alguns filmes clássicos de samurai (mas nada de ficar pulando como Kenshin). 

A guarda consome bastante energia. Uma das melhores estratégias dentro do game é cansar o adversário e depois aplicar um golpe perfurante (com animação especial e tudo). Existe um parry também (dependendo da postura que estiver utilizando), e ele é bom, só necessita treino.

São quatro tipos de armas disponíveis para a demonstração. Espadas (curtas e longas, fáceis de manusear), lanças (longas e leves, requerem mais habilidade no seu manuseio), machados (ou martelos, pesadíssimos, causam muito dano) e um arco e flecha (letal quando acerta o inimigo desprevenido). É preciso ficar de olho na sua duração, pois as armas não são eternas.

Nesta primeira parte da demonstração, seu objetivo é alcançar a entrada para a uma vila de pescadores. Para isso é necessário vencer um demônio alojado dentro de uma casa no alto da montanha. Chegar lá não é difícil, mas é bom andar pelos arredores, enfrentar adversários e ganhar um pouco de experiência.

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À esta altura provavelmente você já deve ter acionado alguns dos restos mortais de outros jogadores, que ficam espalhados pelo cenário com um tom avermelhado. Assim como em Dark Souls, as almas dos que tentaram e pereceram continuam a assombrar o mundo de Ni Oh, com a diferença de que aqui é possível enfrentar os mortos em um duelo nada fácil.

Em cada um dos templos especiais espalhados pelo mapa, é possível aumentar seus atributos, realizar tributos (venda de armas), chamar ajuda online e trocar o seu guardião espiritual.

Evoluir seu personagem envolve distribuir as almas adquiridas entre seus atributos. Corpo, Coração, Energia, Força, Habilidade, Destreza, Magia e Espírito. Subindo de nível o jogador também ganha pontos de habilidade para serem gastos em armas (técnicas) e magias. A tabela é vasta e aos poucos seu arsenal de combos aumenta e as coisas vão ficando mais fáceis.

Seu guardião é o animal espiritual que cuida da sua alma quando você é derrotado. Além disso, existe um marcador no canto superior esquerdo da tela que indica quando ele pode ser usado em combate. Os poderes adquiridos durante a transformação ajudam bastante na hora de enfrentar oponentes mais difíceis.

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As histórias de cada um dos animais possíveis de serem escolhidos são muito boas também. Kato, o lobo de fogo, por exemplo, de acordo com a lenda é o primeiro filhote de uma loba que fora atingido por uma estrela cadente. As histórias de Isonade, Daiba-Washi e Raiken não são menos surpreendentes, vale a leitura.

Aliás, outro ponto em comum com Dark Souls é a forma escolhida para ensinar as coisas ao jogador. Talvez um pouco cruel (ou mal executado, não sei dizer), mas não é muito natural aprender a trocar as posturas durante os combates, ou então apertar R1 após um ataque, enquanto uma aura prateada envolve o personagem, para fazê-lo brilhar e resetar sua postura (não entendi a razão disso ainda, mas é útil durante os combates).

Todas as explicações são dadas de acordo com a sua descoberta (ou a pseudo-necessidade de uso). As vozes do além podem ser encontradas pelo cenário e dão dicas de utilização de todos os artifícios do jogo. Do combate a utilização de itens para restaurar seu equipamento quebrado, se não encontrar as dicas, precisa ser curioso o suficiente para entender sozinho (não é tão difícil na real).

Talvez por ser uma versão alpha, mas a quantidade de itens derrubados pelos inimigos é exagerada. É possível vestir uma armadura como a de Soki, em Onimusha 4, em pouco mais de uma hora. Não é vantagem nenhuma (visto que sua agilidade cairá consideravelmente se não tiver nível suficiente para utilizar o aparato), mas é tudo muito bonito de se ver.

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Como disse anteriormente, a demonstração é dividida em duas áreas. Depois de enfrentar um bichão do mal no alto da colina e abrir a porta que o leva para a marina, aí as coisas complicam de verdade. Demônios, arqueiros e aqueles soldados mais fortes, é só o que vai existir no seu caminho até o chefão de verdade.

Inclusive, à mesma menira que Dark Souls, o "chefão" da área anterior vira inimigo "normal" nesta nova área. Pelo menos eles (no plural mesmo) não reaparecem depois que são derrotados uma primeira vez.

Uma boa dica é pedir ajuda através das oferendas nos templos. Invocar um aliado pode ajudá-lo a entender melhor as coisas dentro do jogo e conseguir rapidamente itens e almas para evoluir seu espadachim. A quantidade de vezes que você pode chamar ajuda é limitado, então pense bem na hora de fazê-lo. No geral a conexão é boa, mas é impossível escapar de alguma latência, por isso cuidado com amontoados de gente se batendo, dá para morrer e nem saber o que aconteceu.

Derrotar o chefão dentro do barco (no final da segunda área) lhe garante um DLC para o lançamento do jogo intitulado "The Mark of Conqueror", a prova de que você jogou e concluiu a demonstração de Ni Oh. A demonstração fica disponível até o dia 5 de maio.