Após dirigir e produzir o grande sucesso que foi GoldenEye 007, a Rare incumbiu o diretor Martin Hollis de outro desafio: lançar um jogo que fizesse tanto sucesso quanto seu trabalho anterior. Logo após o lançamento de 007, Hollis já começou a trabalhar no novo título, baseando-se totalmente em sua obra prima. Utilizando o mesmo motor de 007, porém com uma melhoria gráfica, o cenário de guerra foi trocado por uma ambientação de ficção científica futurista, e o papel principal ficou com uma mulher.

None

A equipe de criação achava que deveria haver mais jogos focados em personagens femininos. Por isso, eles criaram a personagem Joanna Dark, ou simplesmente Jô, que foi inspirada na guerreira Joana d’Arc, padroeira da França. Como o jogo era um 007 melhorado e um pouco mais pesado, exigia-se um cartucho de expansão de memória para que o console conseguisse rodar o game tranquilamente. Após meses de produção, Perfect Dark foi lançado em 22 de maio de 2000 para Nintendo 64.

A trama se passa no ano de 2023 e retrata a rivalidade entre duas empresas: a dataDyne, que administra contratos de segurança; e a Carrington Institute, empresa de pesquisa e desenvolvimento de armas que, por baixo dos panos, possui um grupo de espionagem. Não bastasse isso, em segundo plano também há uma rivalidade entre duas raças alienígenas: os Mayans, que são aliados da Carrington; e os Skedar, os quas à dataDyne prometeu criar uma Inteligência Artificial para poder reativar uma nave espacial no fundo do oceano. Em troca os Skedars dariam tecnologia alienígena para que a corporação dominasse o mundo.

Eis então que entra em ação nossa agente secreta Joanna Dark. Sua a missão é se apropriar dessa IA e evitar que a dataDyne adquira a tecnologia alienígena para não transformar o mundo em seu reino de terrorismo. Além disso, a dataDyne também pretendia substituir o presidente dos Estados Unidos por um clone, para deixar o país mais poderoso do mundo sob seu total controle. Joanna vai atrás do líder americano e consegue assegurar que ele escape das mãos dos Skedar. No fim, aliando-se aos Mayans na figura de seu líder, Elvis, Joanna consegue derrotar os Skedar e salvar o planeta.

Apesar de simples, a trama conta com muitas reviravoltas e missões difíceis de serem cumpridas. O jogo tem três tipos de dificuldade: Agent, Special Agent e Perfect Agent. Uma delas deve ser escolhida antes de iniciar cada fase. O curioso aqui é que você não pode subir a dificuldade após o início do jogo. Se na primeira fase você escolheu a dificuldade Special Agent, não poderá mudar para Perfect Agent na segunda fase, apenas para Agent.

Mesmo que o jogo seja totalmente baseado em 007, ele possui muitas melhorias de jogabilidade e também melhorias gráficas. A iluminação é muito superior a de 007. Você pode ligar e desligar as luzes, usar óculos de visão noturna. O maior diferencial é que os tiros iluminam o ambiente, coisa que não faziam anteriormente. O grande diferencial de 007, além da história obviamente, é o multiplayer.

Perfect Dark é um dos melhores FPS da geração, continuando com a fórmula que deu certo de 007. O game possui o já famoso splitscreen de 4 jogadores. Também há a opção de adicionar 32 bots no mapa, caso queira jogar sozinho contra a máquina. Você escolhe um personagem aleatório para jogar e pode customizá-lo como bem entender, fator inédito na época. Ainda existia um sistema de ranking, quanto mais kills e menos mortes você tinha, mais iria pontuar e subir no ranking. Este sistema de pontos não trazia nenhuma recompensa, exceto poder ficar na frente de seus irmãos e amigos.

O multiplayer também possuía dois modos a mais: um pouco utilizado na época, que era o cooperativo no modo história, onde você podia convidar um amigo e zerar o jogo entre dois, habilitando novas skins para Joanna Dark e também para o seu parceiro de batalha; e outro inédito, onde um dos jogadores controlava a personagem Joanna Dark e o outro entrava na pele dos inimigos de Joanna, podendo atrapalhar sua missão e até mesmo matar personagens-chave dos objetivos dela para falhar a missão, deixando tudo mais divertido.

Uma curiosidade interessante é que, inicialmente, foi lançada simultaneamente uma versão para Game Boy. Embora eles tivessem o mesmo nome, os jogos eram totalmente diferentes. Porém, havia uma interatividade entre os dois, através da Game Boy Câmera. Era possível captar a imagem do rosto do jogador e, pelo recurso “Perfect Face”, colocar ela em seu personagem para jogar multiplayer. Esse recurso foi removido no final e há muitas controvérsias sobre o motivo para a retirada do mesmo. Alguns dizem que foi por questões técnicas, pois ele deixaria o jogo muito lento, mesmo com o pacote de expansão. Outros dizem que a funcionalidade incitaria a violência entre os jogadores.

Infelizmente, Perfect Dark é um jogo injustiçado em seu tempo. Ele foi lançado no fim da vida do Nintendo 64 e acabou não recebendo a atenção que merecia, já que a maioria dos consumidores estavam migrando para os consoles da próxima geração. Mesmo assim, ele ainda é muito conceituado na comunidade gamer, sendo base para muitos jogos que vieram após seu lançamento e com certeza é um título indispensável para quem gosta de FPS old school.